O corpo helênico como substrato do insólito

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Cardoso, Raquel Figueiredo Pereira

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Resumo

Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo investigar os contos “A vênus de Ille” (Prosper Mérimée, 1837) e “O último dos Valérios” (Henry James, 1874), que usam como substrato para o insólito a representação de imagens escultóricas da Antiguidade, especialmente corpos femininos que se tornam animados Para tanto, propomos analisar o conto de Mérimée sob o viés da literatura fantástica e o conto de Henry James a partir de seu caráter infamiliar (unheimlich), conceito formulado por Freud Iniciamos o trabalho com uma discussão imprescindível para a análise dos contos em questão: atitude pré-capitalista de subjetivação da imagem esculpida, que, nos contos em análise, propicia a dominação dos ídolos helênicos sobre os personagens, e, no universo extratextual, revela o poder que as imagens têm sobre nós, os observadores, enquanto produtoras de desejo e fascínio Em um segundo momento, nos voltamos para as vertentes do insólito que são instrumentos para a análise dos contos Abordamos o gênero fantástico a partir da definição de Tzvetan Todorov e Filipe Furtado, estabelecendo as aproximações e diferenças com os estudos de Remo Ceserani Para compreender a definição de infamiliar e a aplicabilidade do conceito freudiano na teoria literária, analisamos três ensaios originais de Freud: “Sobre o sentido antitético das palavras primitivas” (191), “O infamiliar [Das Unheimliche]” (1919) e “A negação” (1925) No terceiro capítulo, nos debruçamos sobre “A vênus de Ille”, de Prosper Mérimée, estabelecendo um diálogo entre o autor e a imaginação arqueológica do século XIX Apontamos os elementos temáticos e formais do fantástico que estão presentes no conto Já no quarto capítulo, procuramos demonstrar a figuração do duplo e o a construção do processo de infamiliaridade no conto de “O último dos Valérios”, de Henry James Por fim, no quinto capítulo, as estátuas de Vênus e Juno foram estudadas enquanto obras de arte, a partir da estética clássica e da história da beleza, como representantes do corpo feminino helênico que reverberam do ideal de beleza ocidental Mas, uma vez subjetivadas, também foram estudadas como personagens, refletoras da identidade sexual da mulher do fim do século Buscamos, assim, um desenvolvimento científico que alinhasse a idolatria das imagens femininas à construção do insólito na narrativa fantástica

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Palavras-chave

Contos, História e crítica, O Fantástico, Duplo (Literatura), Estátuas, Short stories, Fantastic, The, Doppelgängers, Statues, Archaeology, History and criticism

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