"Deixa a vida me levar” e "caí de paraquedas”: identidades de professores de contextos bilíngues
Data
2024-03-10
Autores
El Kadri, Atef
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Resumo
A formação de docentes para o contexto bi/multilíngue tem sido pouco problematizada pelas pesquisas (Faria; Sabota, 2019, El Kadri, 2022). Neste contexto, este trabalho tem como objetivo geral compreender aspectos identitários de professores em serviço, participantes em um curso de formação em educação bilíngue, relativos à profissionalização docente. Mais especificamente, objetiva-se conhecer os aspectos identitários presentes nas narrativas de professores relativos à profissionalização docente, referentes à formação, às trajetórias vivenciadas, ao relacionamento com a língua inglesa, à prática docente e à autoatribuição identitária. Para tanto, ampara-se teoricamente no referencial da perspectiva pós-estruturalista de identidade (Bauman, 2003; Block, 2007; Silva, 2004; Hall, 2005; Woodward, 2011), na formação de professores para contexto bilíngue e na Teoria da avaliatividade (Martin; White, 2005). Como procedimentos metodológicos, optou-se pela abordagem qualitativa-interpretativista (Cohen; Manion; Morrison, 2000; Ludke; André, 1986) de perspectiva sócio-histórica (Freitas, 2002) alinhada à pesquisa narrativa (Conelly; Clandinin, 2006; Paiva, 2008). Sendo assim, coletou-se dados por meio de narrativas de 65 professores em serviço produzidas no âmbito do curso “Formação em Educação Bi/multilíngue” , analisadas por meio da Análise Textual Discursiva (Moraes, 2003; Moraes; Galiazzi, 2006; 2010; Gonçalves, 2009; Lambach, 2013; Oliveira; Silva-Forsberg, 2020), atreladas majoritariamente a Teoria da avaliatividade (Martin; White, 2005) e em alguns momentos pela categoria de metáfora (Fairclough, 2003; 2011; Resende; Ramalho, 2009) e de transitividade (Halliday, 1978). Os resultados apontam que os aspectos identitários relativos à profissionalização docente são forjados nos discursos por meio do alto grau de avaliatividade por meio das subcategorias de afeto-apreciação e atitude-afeto, com algum julgamento e com engajamento a um discurso monoglóssico em relação à ideologia do falante nativo. Quanto à formação, as identidades de professores bilíngues são marcadas fortemente pela entrada repentina na profissão e pela “falta” de formação específica, que culmina em sentimento de insegurança e pela busca constante por formação, forjando identidades pautadas marcada pela diferenciação (Hall, 2005). No tocante à trajetória, os participantes possuem trajetórias profissionais perpassadas por três aspectos principais: a) pela jornada da posição de novato a professor experiente, forjando identidades de afinidade (Gee, 2000) e institucionais (Gee, 2000); b) por validações do inglês como commodity (intercâmbio, viagens e testes de proficiência) que formam discursos de engajamento monoglóssico e reforçam a ideologia do falante nativo; c) pelo início na prática docente em escolas de idiomas, empresas ou escolas regulares, que forjaram identidades marcadas pela transição de carreira e pela diferenciação (Hall, 2005). Em relação à língua, as identidades docentes são compostas ora pela paixão, ora pela insegurança em relação ao domínio da língua inglesa, fortemente marcadas pelos subsistemas de afeto (felicidade e de insegurança), ora criam identidades de idolatria à língua inglesa com base na ideologia do falante nativo, ora tem discursos marcados pelos recursos semânticos que indicam medo, insegurança e forjando
Identidades de professores inseguros, despreparados e sempre na posição do “não-saber”. No que concerne à prática docente, as identidades são criadas por meio de discursos fortemente marcados pelos sentimentos de satisfação e sucesso, baseados nas aprendizagens e evoluções dos alunos, que criam identidades de afinidade (Gee, 2000) e institucionais (Gee, 2000), ao mesmo tempo que as dificuldades moldam identidades desmotivadas, forjadas por meio do sentimento de insegurança e dificuldades relacionadas aos saberes docentes. Por último, quanto às atividades atribuídas, por meio de discursos de alto número de processos materiais e cognitivos, os participantes se posicionam como sendo agentes, inovadores e aqueles que estudam, fazem e sempre buscam conhecimento com autonomia. Logo, eles forjam identidades profissionais como sendo aqueles que exercem ações em prol dos aprendizados dos alunos, marcados pela diferenciação (Hall, 2005)
Descrição
Palavras-chave
Formação de professores, Educação bilíngue, Narrativas, Identidades, Língua inglesa, Prática pedagógica