Análise bioquímica do líquido amniótico e histopatologia da placenta como marcadores da viabilidade de neonatos caninos
Data
2023-02-27
Autores
Greghi, Julia Rodrigues
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Resumo
A maior taxa de mortalidade neonatal nos cães ocorre no período final da gestação, durante o parto e nos primeiros sete dias de vida. Em geral, está relacionada ao tipo de parto, às falhas no manejo clínico e diagnóstico tardio dos doentes. Os anexos fetais são responsáveis pela sustentação e desenvolvimento intrauterino, refletindo diretamente a saúde do recém-nascido, e a avaliação destas estruturas se mostra um ensaio promissor para predição de neonatos de risco. O objetivo deste estudo foi comparar as características bioquímicas do líquido amniótico e histopatológicas da placenta entre neonatos caninos nascidos por cesáreas eletivas e emergenciais, a fim de associar os achados à viabilidade neonatal nas primeiras 24 horas de vida. Foram selecionados 38 neonatos, provenientes de cesáreas eletivas (CEL, n=19) e emergenciais (CEM, n=19). No pós-parto imediato, foi utilizado o escore Apgar para determinação da viabilidade nos tempos de zero (T0) e cinco minutos (T5). O líquido amniótico foi colhido para análise da concentração de seus componentes bioquímicos (alanina aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina (FA), creatinina, ureia, proteínas totais (PT), albumina, bilirrubinas totais e direta, lactato, glicose, potássio, cloretos, cálcio e sódio), enquanto a placenta foi submetida a processamento histopatológico para descrição das lesões no labirinto placentário (necrose, hemorragia, infiltrado inflamatório e calcificação) e identificação da disposição de fibras de colágeno por meio da coloração Picrosirius-Hematoxilina. O grupo CEM, em comparação com o grupo CEL, apresentou aumento significativo de FA (p=0,035), bilirrubina direta (p=0,039), lactato (p<0,001), cloretos (p<0,001) e potássio (p=0,031). A comparação entre os grupos CEL e CEM não evidenciou diferenças entre a presença e extensão das lesões na placenta, contudo foi observada diferença subjetiva na disposição das fibras de colágeno na delimitação das lamelas entre os grupos. Necrose e hemorragia foram as alterações histopatológicas mais frequentes em ambos os grupos. A comparação entre os achados do líquido amniótico e histopatológico evidenciou correlação negativa moderada (r=-0.609, p=0,003) entre a concentração de glicose e a presença de necrose no labirinto placentário. A partir dos resultados foi possível identificar que a composição do líquido amniótico sofre alterações por influência do tipo de cesárea, possivelmente, causadas pela hipóxia prolongada nos casos de distocia refletindo o status metabólico do neonato. Nas condições do experimento, não foram encontradas correlações entre as características histopatológicas da placenta com a viabilidade dos neonatos, porém nota-se variações na disposição das fibras colágenas componentes da matriz extracelular nos casos de distocia.
Descrição
Palavras-chave
Anexos fetais, Biomarcadores, Cães, Distocia, Neonatologia