Validação da termografia infravermelha como indicador de estresse no pré-abate e qualidade de carne em suínos NANI e Não NANI

Data

2023-03-31

Autores

Ogawa, Natália Nami

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Resumo

Essa pesquisa foi dividida em dois experimentos com o objetivo de validar o uso da termografia infravermelha para prever o estresse e a qualidade da carne em suínos no pré-abate (experimento 1) e a avaliação do estresse e da qualidade da carne em suínos NANI e Não NANI no pré-abate (experimento 2). Experimento 01: Foi avaliada a temperatura superficial ocular de 241 suínos com a câmera termográfica e os dados foram associados com os parâmetros hematológicos, bioquímicos e parâmetros da qualidade da carne desses animais. A glicose obteve uma correlação muito fraca e positiva com a temperatura superficial máxima (TSO MÁX), mínima (TSO MÍN) e média (TSO MÉD) (r = 0,13; r = 0,14; r = 0,14, respectivamente) e a taxa de linfócitos apresentou uma correlação muito fraca e negativa com as TSO MÁX (r = -0,19), MÍN (r = -0,26) e MÉD (r = -0,19). Houve uma correlação muito fraca e negativa entre as TSO MÁX (r = -0,23) e MÍN (r = -0,21) com os valores de pH do Longissimus thoracis e entre as TSO MÁX (r = -0,15), MÍN (r = -0,19) e MÉD (r = 0,14) com os valores de pH do Semimembranosus. A correlação entre a TSO MÉD e os valores de pH do músculo Longissimus thoracis foi fraca e negativa (r = 0,30). A correlação entre a TSO MÁX com a L* foi muito fraca e positiva (r = 0,28) e a correlação entre a TSO MÍN e MÉD com a L* foi fraca e positiva (r = 0,37 e r = 0,33, respectivamente). Houve correlação muito fraca e positiva entre a TSO MÁX com a perda de água (r = 0,25) e correlação fraca e positiva entre a TSO MÍN (r = 0,36) e MÉD (r = 0,33) com a perda de água. A correlação entre as TSO MÁX, MÍN e MÉD com a perda de peso por resfriamento foi muito fraca e positiva (r = 0,23; r = 0,25; r = 0,21, respectivamente). O modelo de calibração e predição não apresentaram uma boa correlação. Os modelos de calibração e previsão para glicose e linfócitos não apresentaram exatidão. Dentre os parâmetros de qualidade da carne, os modelos para predição da cor (L* e b*) e da perda de água também não apresentaram boa exatidão. Por outro lado, os modelos para predição do pH mensurado no Longissimus thoracis e Semimembranosus e da perda de peso por resfriamento atenderam esse pressuposto de exatidão. Todos os modelos analisados nesse estudo não foram considerados adequados para predição dos parâmetros de estresse e da qualidade da carne. A temperatura superficial ocular obteve fraca correlação com a maior parte dos parâmetros hematológicos, bioquímicos e com os parâmetros de qualidade da carne, indicando que o estresse gerado no pré-abate influenciou fracamente as respostas fisiológicas, a temperatura corporal dos suínos e a qualidade da carne. Como o desempenho do modelo de validação para predição dessas variáveis por meio da termografia infravermelha não foi satisfatório a termografia infravermelha não se mostra como uma alternativa viável para substituir a avaliação dos parâmetros hematológicos, bioquímicos e parâmetros da qualidade da carne em suínos no pré-abate para avaliar o grau de estresse e qualidade da carne. Experimento 02: Esse estudo avaliou o uso potencial de biomarcadores de estresse fisiológico e dos parâmetros da qualidade da carne em 241 suínos submetidos ao manejo pré-abate, sendo 131 suínos sem nenhuma anomalia aparente (suínos Não NANI) e 110 suínos NANI (non-ambulatory, non-injured). Os suínos NANI apresentaram temperatura retal, valores de hemoglobina, hematócrito, hemácias e níveis de plaqueta superiores ao dos suínos Não NANI. Não houve diferença na morfologia e na concentração dos glóbulos vermelhos entre os suínos NANI e Não NANI, e todos ficaram dentro dos valores esperado. Os suínos NANI apresentaram leucocitose e neutrofilia e linfopenia. A taxa de albumina foi superior nos suínos Não NANI (4,67±0,05) em relação aos suínos NANI (4,42±0,07) e os valores foram considerados elevados em relação aos valores de referência para os dois grupos. Os valores de LDH foi superiores nos suínos NANI (6516,28±1364,37) em relação aos suínos Não NANI (1348,31±272,27) e os dois grupos estiveram acima da referência. Os valores de pH foram superiores nos suínos Não NANI e como consequência os suínos NANI que apresentaram menor pH, apresentaram carnes mais claras e mais exsudativas e apresentaram maior perda de peso no resfriamento. Não houve diferença significativa na incidência da anomalia PSE e DFD entre os grupos. Dentre as carnes dos suínos NANI avaliadas, 2,73% foram classificadas como PSE e 0,91% como DFD. Os suínos Não NANI não apresentaram nenhuma anomalia na carne. Os parâmetros hematológicos e bioquímicos não auxiliaram na separação das classes e dentre os parâmetros de qualidade da carne, o principal item que descreveu o suíno NANI foi a perda de água. Os suínos NANI manifestaram alta temperatura corporal e maiores alterações no hemograma em relação aos suínos Não NANI provavelmente por conta do estresse ocasionado pelo manejo pré-abate. Na tentativa de manter a homeostase, esses animais responderam mais intensamente ao estresse e como consequência, apresentaram anomalias na carne.

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Palavras-chave

Abate, Estresse, Fadiga, Fisiologia, Ciência animal

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