Práticas de segurança no meio rural : um estudo exploratório no norte do Paraná (PR)

Data

Autores

Nalin, Luan Carlos

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Resumo

Resumo: Embora haja uma literatura acadêmica crescente sobre governança da segurança e policiamento moderno, até o momento, são raros os trabalhos dedicados à investigação desses fenômenos em áreas rurais e/ou propriedades privadas no campo (sítios e fazendas) O objetivo desta pesquisa foi investigar como diferentes produtores rurais (agricultores, pecuaristas etc) do Norte do PR entendem e relatam ameaças à segurança no campo e como as suas mentalidades/percepções sobre a segurança resultam em práticas e, eventualmente, em projetos de segurança Esta pesquisa partiu da abordagem teórica e analítica de Projetos de Segurança, da socióloga e criminóloga Mariana Valverde, procurando responder às seguintes questões: Quais ameaças e preocupações os diferentes proprietários rurais relatam como aflitivas, afetando seu sentimento de segurança? Como eles reagem a tais ameaças e preocupações, adotando práticas ou construindo projetos para governar a segurança dentro de suas propriedades? Foram estudados documentos sobre crime e segurança no campo produzidos por entidades de classe de agricultores e órgãos públicos brasileiros Documentos como cartilhas sobre segurança no campo, além de mídias digitais nacionais e locais, também serviram de base para este trabalho O corpus empírico da pesquisa também contou com entrevistas realizadas com diferentes produtores rurais do Norte do Paraná (PR), incluindo um Policial Militar (PM) que atua em áreas rurais e um consultor de segurança empresarial do agronegócio Os resultados evidenciam que as técnicas, as jurisdições e as práticas de segurança no campo estão relacionadas, na maioria das vezes, com a informalidade Mostramos também como as práticas de segurança de diferentes produtores rurais, e provedores de segurança, transitam entre o legal e ilegal A contratação de vigias para as propriedades rurais (de empresas de segurança, mas também “peões”), o uso de armas de fogo (para defesa pessoal e de propriedade) e as convicções morais dos produtores rurais sobre o crime (qual o inimigo e como descrevê-lo) ganham destaque no material empírico coletado Essas técnicas e jurisdições de segurança que foram elencadas, são colocadas em execução na maioria das vezes, além, de alimentarem uma certa concepção do que “deve ser combatido” e como deve se dar a atuação sobre a segurança em diferentes escalas espaciais e temporais Para além dessas práticas, as “fofocas”, a iluminação, os animais domésticos (ou não) e as técnicas de como “fazer barulho” também estão presentes no cenário da segurança nesses territórios Considera-se que compreender mercados ilícitos de receptação de mercadorias é fundamental para a compreensão das dinâmicas criminais em áreas rurais, além do modo como a segurança é percebida nesse complexo Conclui-se, então, que a noção de segurança no campo entre pequenos produtores rurais está alinhada a uma vigilância comunitária Já em grandes propriedades, a segurança está alicerçada a um projeto político e econômico existente no Brasil: a governança do agronegócio Essa mesma governança carrega consigo o discurso de “combate ao crime”, entendendo que “o agro não para, com segurança ele dispara”

Descrição

Palavras-chave

Sociologia, Crime rural, Segurança pública, Serviços de segurança privada, Paraná, Norte, Sociology, Rural crimes, Public safety, Private security services - Paraná, North

Citação