Escala Posas: avaliação da cicatrização de queimaduras em ambulatório especializado de hospital universitário público
Data
2021-02-11
Autores
Silva, Tamires Mendonça da
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Resumo
A queimadura é um problema de saúde pública que atinge cerca de um milhão de pessoas por ano no Brasil. É um trauma que pode levar a óbito, deixando muitas sequelas nos sobreviventes, tanto físicas como psicológicas. O objetivo dessa pesquisa foi identificar na literatura os fatores que interferem no processo de cicatrização de queimaduras, avaliando o processo de cicatrização de queimaduras de 2º e 3º graus após alta hospitalar. Realizou-se um estudo de revisão integrativa para nortear a pesquisa prospectiva de abordagem quantitativa. Participaram 30 pacientes atendidos no ambulatório do Centro de Tratamento de Queimados, que sofreram queimaduras de 2º e 3º grau. Realizou-se 97 avaliações usando a escala POSAS entre julho de 2019 e março de 2020. A escala de POSAS é composta por duas avaliações: a escala do observador, a qual contempla a avaliação dos parâmetros vascularização, pigmentação, espessura, saliência, flexibilidade e área de superfície; e a escala do paciente, que avalia os parâmetros de dor, coceira, cor, espessura, irregularidade e rigidez. Os itens são enumerados de um a dez, a pontuação total de cada escala varia de 6 a 60. A análise estatística foi feita utilizando o coeficiente de correlação de Sperman e de equações de estimação generalizadas (GEE), o nível de significância adotado foi de p<0,05. O estudo de revisão integrativa foi composto por 7 estudos primários. Identificou-se que os principais fatores que interferem no processo de cicatrização de queimaduras foram: porcentagem de superfície queimada, profundidade da lesão, idade, sexo e número de intervenções cirúrgicas que estão relacionados principalmente com o surgimento de hipertrofia e contraturas, podendo aumentar a ocorrência de dor e prurido. O segundo estudo mostrou que houve associação entre as variáveis raça/cor (p<0,001), enxerto (p<0,001), tempo de internação maior que 21 dias (p=0,009) e lesões de 3º grau (p=0,007), sendo preditores de pior cicatrização. Os itens da escala: saliência (Rho=0,360, p<0,001), irregularidade (Rho=0,262, p<0,05), área de superfície (Rho=0,223, p<0,05) aumentaram com o tempo de avaliação e vascularização (Rho= - 0,442, p<0,001) diminuiu. A avaliação do observador e do paciente foram semelhantes com relação aos itens: saliência e irregularidade (Rho= 0,526, p<0,001), pigmentação e cor (Rho 0,314, p=0,002) e flexibilidade e rigidez (Rho 0,487, p<0,001). A revisão integrativa mostrou que os fatores que interferem no processo de cicatrização consistiram principalmente em porcentagem de superfície queimada, profundidade da lesão, idade, sexo e número de intervenções cirúrgicas. Compreende-se que o processo de cicatrização é individual e, portanto, pode sofrer também ação de outros elementos. O estudo prospectivo mostrou que a escala POSAS permitiu avaliar o processo de cicatrização do paciente queimado, mostrando que houve semelhança entre as avaliações, sugerindo a pertinência da sua implantação nos serviços especializados. Também foi possível observar a influência de variáveis no processo de cicatrização que corroboraram com o resultado da revisão integrativa.
Descrição
Palavras-chave
Queimaduras, Cicatriz, Assistência integral à saúde, Cuidados de enfermagem