Uma análise comportamental dos protestos de junho de 2013 no Brasil
Data
2022-06-21
Autores
Melo, Débora de Nez de
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Resumo
Milhares de pessoas ocuparam as ruas do Brasil, em junho 2013, em contestação a diversas problemáticas sociais. Algumas das pautas dos protestos reivindicavam qualidade nos serviços públicos básicos, denotavam repúdio aos gastos elevados com megaeventos esportivos e às denúncias de corrupção. Os protestos de junho de 2013 tiveram grandes proporções, impactando a dinâmica política brasileira, configurando um interessante objeto de estudo para a Análise do Comportamento. A partir da estrutura da contingência cultural de três termos, é possível estudar os protestos como uma prática cultural inter-relacionada com o ambiente social e físico e as consequências culturais produzidas. As práticas de protesto congregaram diferentes atores sociais, culminando em disputas de grupos integrantes da mobilização social e agências controladoras. Tendo em vista que esta pesquisa teve como objetivo analisar os protestos de junho 2013 a partir de uma perspectiva analítico-comportamental, foram articuladas as literaturas da Sociologia Política e da Análise do Comportamento, a fim de caracterizar o contexto sociopolítico e os atores sociais envolvidos, as relações de controle e contracontrole entre grupos em protesto e agências controladoras e as consequências culturais produzidas. A sistematização do material decorreu em três capítulos organizados a partir da estrutura da contingência cultural de três termos. O primeiro capítulo contempla a identificação de contingências culturais que criaram condições para a emergência de práticas culturais de protesto antecedentes as de junho de 2013. Entre os protestos assemelhados aos de 2013, estão os movimentos antiglobalização (1999) com elementos como a descentralização e ausência de lideranças formais e a presença de grupos Black Blocs. Os protestos das Diretas Já (1984) e Caras Pintadas/Fora Collor (1992) têm os símbolos nacionais (hino, bandeira e heróis) e a defesa pela ética na política (anticorrupção) como semelhança que reverberou em 2013. De modo geral, os protestos se caracterizam pela concentração de pessoas em espaços públicos, bloqueio de vias, uso de cartazes indicando a demanda e/ou denúncia do grupo, palavras de ordem entoadas e bandeiras hasteadas que identificam os grupos e/ou a posição político-ideológica. O segundo capítulo apresenta as contingências sociopolíticas as quais emergiram os protestos de junho de 2013, as frações socialista, autonomista e patriota que compuseram as mobilizações e as práticas de controle das agências controladoras governamental, econômica, midiática e policial nos protestos. A agência policial fez uso de controle coercitivo para dispersar os protestos, a agência midiática descrevia os integrantes a partir de valores morais reprovados socialmente, legitimando práticas repressivas da polícia e, nesse cenário, perspectivas político-ideológicas distintas intragrupos produziu conflitos entre integrantes. O terceiro capítulo contempla as consequências de longo prazo produzidas após os protestos de junho ocorrerem. Foram identificadas modificações institucionais relativas às demandas dos grupos, como a redução da tarifa de ônibus, e consequências legislativas elaboradas a partir de práticas de controle da agência governamental para restringir protestos. Conclui-se que as práticas de protesto de 2013 apresentaram variações que desafiaram o modo como as agências controladoras operavam negociações com integrantes de protestos nas últimas décadas e o ambiente social suprimiu o contracontrole de grupos que iam na contramão dos valores democráticos difundidos pelas agências, como o pacifismo, a lei e a ordem
Descrição
Palavras-chave
Protestos - Análise comportamental, Junho de 2013, Análise do comportamento, Política, Comportamento humano, Análise - Behaviorismo (Psicologia)