Programa de exercícios físicos multimodais em pacientes com depressão: tratamento complementar em pacientes hospitalizados

Data

2025-09-19

Autores

Nicolau, Carolina Alves de Moraes

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Resumo

O tratamento da depressão em ambientes psiquiátricos ainda se baseia majoritariamente no uso de psicofármacos, que, embora eficazes, podem gerar efeitos adversos e resposta clínica limitada. Nesse contexto, intervenções complementares como o exercício físico têm ganhado destaque, especialmente os exercícios físicos multimodais (EFM), por serem viáveis, dinâmicos e adaptáveis à realidade institucional, promovendo benefícios físicos e psicossociais. O objetivo deste estudo foi investigar a efetividade de um programa de EFM como intervenção complementar ao tratamento farmacológico tradicional em pacientes hospitalizados com diagnóstico de depressão. Inicialmente, realizou-se uma revisão sistemática sobre o tema. Em seguida, foi conduzido um ensaio clínico randomizado, controlado, paralelo e aberto, com duração de quatro semanas, em um hospital psiquiátrico filantrópico localizado no município de Londrina – PR. O estudo foi composto por 124 pacientes adultos (idade >18 anos), sendo 76 mulheres e 48 homens, com mediana de idade de 31 anos [23–49] em tratamento para depressão. Os participantes foram alocados aleatoriamente em dois grupos: Grupo Intervenção (GI, n=61) e Grupo Controle (GC, n=63). Os participantes alocados no GI foram submetidos a um protocolo de EFM com duração de quatro semanas, totalizando oito sessões, realizadas duas vezes por semana, com aproximadamente 50 minutos cada. A intensidade das sessões foi monitorada por meio da Escala de Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) de Borg. O GC não participou de intervenções adicionais, permanecendo apenas nas atividades convencionais ofertadas pela instituição, que foram igualmente acessadas pelos participantes do GI. As variáveis de interesse foram analisadas em ambos os grupos, a partir de diferentes instrumentos. A gravidade dos sintomas depressivos foi avaliada pelo Inventário de Depressão de Beck (BDI), enquanto os aspectos psicocomportamentais foram analisados por meio da Escala de Observação Interativa de Pacientes Psiquiátricos Internados (EOIPPI) e número de intercorrências notificadas. Foram coletadas medidas antropométricas (peso corporal e estatura) pré e pós-intervenção para o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), utilizado como desfecho secundário. Para a análise de dados, empregaram-se Equações de Estimação Generalizadas (GEE), com os escores do BDI e da EOIPPI como desfechos primários. Adicionalmente, utilizou-se regressão linear com cálculo do coeficiente de determinação (R²), aplicada ao grupo intervenção, para investigar tendências na frequência de intercorrências psiquiátricas registradas antes e após o período da intervenção. Todas as análises foram conduzidas no software R Studio. A intensidade autorreferida das sessões foi classificada como moderada/vigorosa (mediana = 5 [3–7]). Os resultados apontaram redução da disfunção psicocomportamental (ß = –6,1; p < 0,001), na gravidade dos sintomas depressivos (ß = –6,2; p < 0,001) e redução no número de intercorrências psiquiátricas (y = –0,511x + 5,378; R² = 0,442; p<0,001) no GI em comparação ao GC. Os resultados deste estudo indicaram que a inserção de EFM como intervenção complementar ao tratamento convencional da depressão pode promover benefícios significativos na regulação psicocomportamental, na redução dos sintomas depressivos e na diminuição de intercorrências clínicas. Tais evidências reforçam a viabilidade e aplicabilidade da intervenção em contextos psiquiátricos, destacando que estratégias terapêuticas integradas são fundamentais para potencializar o cuidado em saúde mental

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Palavras-chave

Atividade física, Qualidade de vida, Saúde mental, Hospital psiquiátrico, Transtorno de humor, Exercícios físicos, Depressão - Saúde mental, Psicofármacos, Ensaios clínicos

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