Atividade física, comportamento sedentário e indicadores de saúde óssea em adultos jovens: um estudo longitudinal

Data

2024-04-19

Autores

Costa, Julio Cesar da

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Resumo

Introdução: A prática de atividade física (AF) e o comportamento sedentário (CS) estão relacionados ao equilíbrio homeostático entre a formação e a reabsorção do osso. Estes diferentes comportamentos induzem respostas fisiológicas à massa óssea por meio de mecanismos como a mecanostática e a mecanotransdução. Contudo, na idade adulta próximo ao período do pico da massa óssea (PMO), as informações sobre o impacto da AF e do CS sobre os indicadores de saúde óssea (ISO) são divergentes, dificultando sua interpretação. Deste modo, é necessário entender se as respostas obtidas a partir da prática habitual da AF e do CS no início da idade adulta podem ocasionar benefícios e/ou prejuízos na saúde óssea ao longo do tempo. Objetivos: Verificar as relações longitudinais das diferentes intensidades da atividade física e do padrão do comportamento sedentário com os ISO em adultos jovens durante sete anos de acompanhamento, e ainda: a) analisar longitudinalmente os impactos da AF e do CS nos indicadores de saúde óssea em adultos jovens, por meio de uma revisão sistemática da literatura; b) verificar a associação entre o tracking da atividade física moderada a vigorosa com os indicadores de saúde óssea em adultos jovens; c) associar diferentes intensidades e bouts da atividade física e do comportamento sedentário sobre a força e resistência óssea em adultos jovens em um estudo de sete anos de seguimento. Metodologia: Trata-se de um estudo com o delineamento longitudinal, que teve sua fase anterior realizada no ano 2016. Para esta fase, 43 adultos jovens de ambos os sexos, com idade entre 25 e 32 foram recrutados. Foram realizadas medidas antropométricas de massa corporal, estatura e o IMC foi determinado. A AF e o comportamento sedentário (CS) foram mensurados pelo uso da acelerometria, com o acelerômetro modelo GT3X+ e as intensidade leve (AFL), moderada (AFM) e vigorosa (AFV) e moderada a vigorosa (AFMV) e o padrão AF e do CS através da obtenção dos bouts foram estabelecidos. A densidade mineral óssea (DMO) foi obtida pelo Absorciometria por dupla emissão de raio-x (DXA) e os parâmetros de força e resistência óssea foram analisados pelo software Hip Strength Analysis. O Coeficiente de Correlação Intraclasse foi empregado para observar o tracking entre o baseline e o follow-up da AF, do CS e da DMO. A Regressão linear foi empregada para observar as associações entre as intensidades da AF (AFL, AFM e AFMV) e o CS com a DMO, bem como os bouts da AF e do CS com os indicadores de força e resistência óssea. A significância adotada foi de 5%. Resultados: A revisão da literatura encontrou 17 artigos com o delineamento longitudinal, somente um estudo foi selecionado entre os períodos da infância e idade adulta, e os resultados mostraram uma ausência de associação entre a AF e os ISO. Associações positivas das diferentes intensidades da AF foram observadas nos períodos da adolescência e a idade adulta com o conteúdo mineral ósseo (CMO), a densidade mineral óssea (DMO) e a microarquitetura do osso. No entanto, ao longo da idade adulta as associações foram classificadas como inconsistentes, uma vez que somente dois estudos foram localizados nas bases de dados. Quanto ao CS, somente dois estudos entre os períodos da infância e adolescência com a idade adulta foram encontrados nas bases de dados, com as evidências sendo classificadas como inconsistentes. Nos artigos originais foram observados um moderado tracking da AFL, AFM e AFMV (CCI entre 0, 36 e 0,39; p>0,05) e um alto tracking da DMO total do corpo, coluna lombar, quadril, braços, pernas e fêmur (CCI entre 0,79 a 0,96; p>0,001) ao longo dos sete anos de estudo e associações negativas foram observadas somente entre a DMO das pernas no grupo que reduziu a AFM (ß= -0,041) e AFMV (ß= -0,035) e com a DMO do fêmur com o grupo que reduziu a AFMV (ß= -0,090) comparada aos que mantiveram a AF ao longo do tempo, indicando que manter a AF ao longo dos anos atenua a perda da DMO. Associações positivas entre dos bouts de 3 a 4 minutos da AFM e AFMV com o índice de força, módulo de seção Z e CSMI (entre ß=0,002 e ß-0,004) e bouts de 5 a 9 minutos de AFMV com o CSMI e CSA (ß =0,001) foram observadas, enquanto os bouts de 1 a 29 minutos do CS apresentaram uma associação negativa (ß= -0,14) com o índice de força, apontando que aumentar ao longo dos anos bouts de AFM e AFMV auxiliam no aumento dos indicadores de força óssea. Conclusão: As evidências do efeito positivo da prática de AF e suas intensidades entre período da adolescência até a idade adulta com os ISO parecem estar mais consolidadas, principalmente nos rapazes, sendo necessário entender o papel das intensidades e do volume da AF na população feminina. Além disso, O tracking da AF ao longo de sete anos de acompanhamento foi moderado e alto para a DMO, no entanto indivíduos que reduziram a AFM e AFMV apresentam redução da DMO, principalmente nas regiões que suportam a carga do peso corporal, além disso, os indivíduos que mantiveram ou aumentaram a AFM e AFMV obtiveram uma atenuação na redução da DMO. E os bouts da AFM (3 a 4 minutos) e AFMV (3 a 4 minutos e 5 a 9 minutos) foram associados positivamente, enquanto os bouts de CS (1 a 29 minutos) negativamente com os indicadores de força e resistência óssea durante a idade adulta. Essas informações podem subsidiar ações de intervenção com o objetivo de aumento da AFM e AFMV para a promoção da saúde óssea e prevenção da osteoporose, minimizando gastos públicos.

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Palavras-chave

Densidade mineral óssea, Atividade motora, Estilo de vida sedentário, Estudos longitudinais, Adultos

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