Fatores clínicos e custo da terapia antimicrobiana em adultos hospitalizados com infecções por microrganismos multirresistentes

Data

2025-04-24

Autores

Dias, Nayane Laine Paglione

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Resumo

Introdução: A resistência antimicrobiana tem aumentado de forma alarmante nas últimas décadas, tornando-se um dos maiores desafios para os sistemas de saúde. Esse fenômeno está associado ao aumento do tempo de hospitalização, custos elevados, além de maiores riscos de incapacidade e mortalidade. Objetivo: Avaliar os fatores clínicos associados às infecções hospitalares causadas por microrganismos multirresistentes (MR) e os custos com tratamento antimicrobiano em pacientes adultos hospitalizados. Método: Estudo retrospectivo, descritivo e transversal, com abordagem quantitativa, realizado em um hospital terciário no sul do Brasil, de janeiro de 2018 a dezembro de 2023. Foram incluídos pacientes com idade igual ou superior a 18 anos, hospitalizados por mais de 72 horas em setores clínicos, cirúrgicos ou de terapia intensiva, com culturas microbiológicas positivas para bactérias. As variáveis clínicas, demográficas e de custo foram obtidas dos prontuários eletrônicos, transportadas para o Microsoft Excel® e analisadas no IBM SPSS Statistics® versão 20. Foram realizadas análises descritivas, comparações por meio do teste Exato de Fisher e avaliação da normalidade dos dados pelo teste de Shapiro-Wilk. A regressão linear múltipla pelo método "enter" foi empregada, com nível de significância de p<0,05. Resultados: De 53.452 hospitalizações, 781 pacientes apresentaram culturas microbiológicas positivas, sendo 73,1% para MR e, desses 74,1% associados a fatores clínicos como idade avançada (p=0,055), sexo masculino (p=0,036), uso de dispositivos invasivos (p<0,001), hospitalizações prolongadas em unidades gerais e Unidade de Terapia Intensiva (p<0,001) e múltiplas infecções adquiridas (p=0,013). A mediana de permanência hospitalar foi de 26 dias para os com MR e aqueles com microrganismos sensíveis 17 dias. Na unidade de terapia intensiva, a mediana de internação foi de 15 dias para pacientes com culturas resistentes e 6 dias para culturas sensíveis, com um aumento significativo de 9 dias (p<0,001). O número de infecções hospitalares dobrou a chance de resistência antimicrobiana. A classe dos carbapenêmicos apresentou a maior incidência de resistência antimicrobiana (63,9%), seguida por cefalosporinas, fluoroquinolonas, aminoglicosídeos (14,6%) e polimixinas (11,46%). Os microrganismos mais prevalentes em infecções por cepas multirresistentes foram Klebsiella pneumoniae (25,3%), Acinetobacter baumannii (21,7%), Pseudomonas aeruginosa (9,0%), Escherichia coli (8,5%) e Serratia marcescens (3,7%). O custo médio com antimicrobianos para o tratamento de infecções por MR foi de US$684,77, enquanto para infecções por microrganismos sensíveis de US$333,10, evidenciando um custo aproximadamente duas vezes maior para infecções por cepas multirresistentes. Conclusão: A resistência antimicrobiana em pacientes hospitalizados foi associada a fatores clínicos como idade avançada, sexo masculino, uso de dispositivos invasivos, hospitalizações prolongadas e múltiplas infecções adquiridas. Além disso, os custos com tratamentos de infecções causadas por microrganismos multirresistentes foram significativamente maiores. Esses achados destacam a urgência de medidas preventivas, manejo criterioso de antimicrobianos e controle rigoroso de infecções hospitalares, visando reduzir tanto os impactos clínicos quanto os financeiros associados à resistência antimicrobiana.

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Palavras-chave

Farmacorresistência bacteriana múltipla, Infecção hospitalar, Custos de medicamentos, Enfermagem, Programa de controle de infecção hospitalar, Farmacorresistência bacteriana, Pacientes hospitalizados - Infecções hospitalares - Microrganismos multirresistentes (MR)

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