Desprazer, realidade e consciência : o contracinema de Michael Haneke em Funny Games
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Ramari, Thiago Henrique
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Resumo
Resumo: A presente Dissertação explica os efeitos desagradáveis e reflexivos que o longa-metragem Funny Games (1997/27), do cineasta austríaco Michael Haneke (1942-), normalmente provoca entre os espectadores Como metodologia, o trabalho parte da cartografia realizada por Wheatley (29), para empreender revisões bibliográficas e analisar a obra fílmica, com um tom que se pretende didático e voltado ao leitor brasileiro Com base na autora supracitada, afirma-se primeiramente que Funny Games tensiona elementos de movimentos fílmicos distintos e opostos, o cinema realista clássico e o contracinema, com o objetivo de induzir o público a uma reflexão sobre o consumo de imagens de violência por entretenimento Em seguida, procede-se com um levantamento das teorias concernentes a cada escola, todas exemplificadas por excertos de filmes diferentes, para alcançar ao fim o principal objeto de estudo desta pesquisa Por esse trajeto, observa-se que, nos 29 minutos iniciais, Funny Games atua no perímetro do cinema realista clássico, a fim de estimular na plateia expectativas de entretenimento comuns a gêneros fílmicos alicerçados sobre a temática da violência, tais como a aventura, o thriller e o western Depois, elementos disjuntivos do contracinema, a exemplo dos apartes, da rebobinagem intradiegética e do estiramento temporal de determinados planos, são introduzidos para interromper o percurso do prazer e responsabilizar a audiência pelos assassinatos de três membros de uma mesma família em uma casa de campo Com o choque provocado, a espectador realiza que a violência é utilizada pela primeira escola apenas para satisfazer seu interesse por divertimento, fato que, além de remontar à apropriação da sensação de suspense pela indústria cultural no fim do século 19, abre um importante espaço à reflexão sobre o regozijo cotidiano da sociedade perante imagens que contenham agressões, brutalidades e selvagerias Assim, pode-se afirmar que, em Funny Games, o contracinema cumpre sua função de contracorrente quando desvela a relação de cumplicidade que os filmes comerciais sempre impõem entre o público e os antagonistas, situação que favorece o desencadeamento de sensações desagradáveis e encaminha o acionamento da consciência crítica A partir de tal análise, reitera-se a perenidade do contracinema entre as produções fílmicas contemporâneas, contrariando provavelmente as previsões de críticos e estudiosos que decretaram a “morte” do escopo teórico que lhe dá suporte, o modernismo político, devido às suas contradições internas Ao fim, defende-se que os ideais e os preceitos da escola continuam a influenciar diversos cineastas e contam com potencial relevante para promover debates sobre assuntos relevantes à sociedade contemporânea
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Palavras-chave
Cineastas, Áustria, Arte e comunicação, Cinema, Movies - Political aspects, Art and communication, Cinematographers, Austria