A teologia da libertação sob o discurso de lideranças protestantes durante a ditadura militar (1964-1985) em Londrina-PR
Data
2012-08-28
Autores
Guimarães, Luiz Ernesto
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Resumo
A presente pesquisa analisa a influência da Teologia da Libertação – pensamento progressista, formulado em alguns segmentos do cristianismo latino-americano – especialmente nas igrejas protestantes históricas que, em grande parte, apresentaram um forte aspecto conservador, desde o início de sua implantação com a chegada de missionários oriundos da Europa e Estados Unidos a partir de meados do século XIX. A pesquisa partiu das contribuições teóricas da sociologia compreensiva de Max Weber, buscando compreender os sentidos produzidos por religiosos protestantes que se utilizaram da Teologia da Libertação na tentativa de propor um pensamento teológico contextualizado com as mazelas encontradas no continente, resultado da colonização europeia e das desigualdades próprias do sistema capitalista vigente. Analisou-se a aproximação desse pensamento teológico com o marxismo e como ocorreu a apropriação dessa vertente sociológica por setores do protestantismo, bem como o ideal de sociedade estabelecido a partir do discurso, oral ou escrito, dos teólogos da libertação. Em uma abordagem mais ampla, verificou-se a contribuição de dois dos maiores expoentes da Teologia da Libertação no protestantismo: Richard Shaull e Rubem Alves, bem como a Conferência do Nordeste de 1962, como marco histórico para o protestantismo progressista brasileiro numa abordagem local, a pesquisa analisou o discurso de cinco sujeitos que tiveram participação, direta ou indireta, nesse pensamento de libertação na cidade de Londrina – PR, a saber: os pastores Gérson Araújo, Luiz Caetano Grecco Teixeira e Almir dos Santos e os professores de teologia Carlos Klein e Júlio Zabatiero. As entrevistas foram orientadas por um roteiro semiestruturado, transcritas, analisadas e interpretadas sob a perspectiva que Mikhail Bakhtin e Eni Orlandi atribuem ao discurso e seus sentidos. O espaço temporal abordado (1964-1985), por ser um dos períodos mais críticos do país, em que a própria liberdade de expressão foi tolhida, a pesquisa buscou analisar as possíveis contribuições que tal pensamento de libertação pudesse ter proposto à sociedade. Verificou-se uma pequena parcela do protestantismo engajada em busca de transformação social e, diante da truculência da ditadura, não foram percebidos confrontos diretos entre religiosos e militares em Londrina. No entanto, a influência da Teologia da Libertação favoreceu a elaboração de uma reflexão crítica social e religiosa por parte das igrejas protestantes, além de corroborar o desenvolvimento de programas que atendessem as camadas mais empobrecidas da sociedade, rompendo com alguns preconceitos que a política de esquerda recebia dos setores conservadores da sociedade.
Descrição
Palavras-chave
Sociologia da religião, Protestantismo, Teologia da libertação