Efeito imunopatológico de co-infeção de camundongos com Paracoccidioides brasiliensis e com Schistosoma mansoni

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Oliveira, Francisco José de Abreu

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Resumo: A Paracoccidioidomicose (PCM), uma das mais importantes micoses da América Latina, é uma doença sistêmica de natureza granulomatosa, causada pelo fungo dimórfico Paracoccidioides brasiliensis (Pb), e a sua principal defesa está ligada ao padrão Th1 da resposta imune A esquistossomose é considerada uma das doenças endêmicas mais importantes e mais difundidas do mundo, constituindo-se de um grande problema de saúde pública No Brasil, a doença é causada por Schistosoma mansoni (Sm), e é caracterizada por resposta imune Th2 As principais lesões patológicas na esquistossomose mansônica são decorrentes de desenvolvimento de granulomas em torno de ovos no fígado devido à resposta imune do hospedeiro Ambas as doenças são crônicas, com sobreposição geográfica em várias regiões no Brasil, possibilitando assim a co-infecção com esses agentes Considerando a inexistência de dados sobre efeito imunopatológico na PCM e na esquistossomose, associada à infecção crônica com P brasiliensis e com S mansoni na fase de oviposição, caracterizada pela resposta Th2, o presente trabalho investigou efeito dessa associação utilizando modelo experimental murino Camundongos Balb/c foram infectados com P brasiliensis durante 7 (Pb7) ou 8 dias (Pb8) e associados com S mansoni infectados durante 42 (Pb7Sm42) e ou 52 dias (Pb8Sm52) ou somente com S mansoni durante 42 (Sm42) ou 52 dias (Sm52) Para a investigação de efeito da co- infecção na PCM, foram realizadas determinação da carga fúngica por CFU no fígado e pulmão, histopatologia de fígado e determinação de níveis de citocinas (IFN-?, TGF-ß, TNF-a, IL-4, IL-1 e IL-17) no fígado e determinação de níveis séricos de anticorpos IgG anti-P brasiliensis (ExoAg) e citocinas séricas (IFN-?, IL-4, TGF-ß e IL-1), por ELISA, tendo como controles grupos Pb7 e Pb8 Para a investigação de efeito de co-infecção na esquistossomose foram determinados números de ovos no fígado e intestino (grosso e delgado) e de ovos fecais, análise histopatológica do figado, determinação das citocinas no fígado e soro e níveis séricos de anticorpos IgG para antigeno solúvel de ovos (SEA), tendo como controles os grupos Sm42 e Sm52 Os resultados obtidos demonstraram aumento nos números de CFUs de P brasiliensis no fígado (Pb7Sm42 e Pb8Sm52) e no pulmão (Pb8Sm52) em relação ao controle mono-infectado, Pb7 ou Pb8, (p<,5) Os níveis de todas as citocinas no fígado foram maiores no grupo Pb7Sm42 que o controle Sm42 (p<,5), exceto IFN-? que resultou em menor nível (p<,5) Na fase mais prolongada de infecção, foi detectada alteração nesse perfil, resultando em menor nível de IL-1 e TNF-a em Pb8Sm52, mantendo o perfil para IL-4 e IL-17 Os níveis séricos de IL-4 e IL-1 demonstraram perfil similar ao de fígado, enquanto que o nível de IFN-?, de forma distinta ao de fígado, foi maior em ambos os grupos co-infectadas (Pb7Sm42 e Pb8Sm52), em relação aos seus controles (p<,5) Foi detectado também aumento no nível sérico de TGF-ß em grupo Pb8Sm52 em relação ao controle (p<,5) O nível sérico de IgG anti-ExoAg foi maior apenas no grupo Pb7Sm42 em relação ao Pb7 (p<,5) Os resultados de co-infecção na esquistossomose demonstraram reduções nos números de ovos no fígado, intestino e fezes (p<,5), diminuição no número e no tamanho de granulomas hepáticos (p<,5) Os níveis de citocinas IL-4, IL-1 e de TNF-a no fígado foram menores em ambos os grupos coinfectados (Pb7Sm42 e Pb8Sm52) e o de TGF-ß somente no grupo Pb7Sm42, em relação aos seus respectivos controles (p<,5) Por outro lado o nível de IFN-? foi maior no grupo co-infectado Pb8Sm52, em relação ao Sm52 (p<,5) Os níveis séricos de IFN-? e IL-1 demonstraram perfil similar ao de fígado em ambos os grupos co-infectados, o mesmo ocorrendo com TGF-ß, no grupo Pb7Sm52, todavia foi observado aumento significativo de TGF-ß em co-infecção mais prolongada (Pb8Sm52), em relação ao controle (p<,5) Em contraste com o de fígado, foi detectado nível sérico elevado de IL-4 no grupo co-infectado (Pb8Sm52) em relação ao controle (p<,5) O nível sérico de IgG anti-SEA foi maior no grupo Pb7Sm42 e menor no Pb8Sm52 em relação a cada controle (p<,5) Em conclusão, a forma cronica de PCM doença se torna mais grave quando associada à infecção com S mansoni principalmente na fase de oviposição de S mansoni e, a co-infecção a induz modulação distinta de níveis de citocinas no fígado e no soro Além disso, a co-infecção na fase inicial de oviposição de S mansoni pode induzir aumento na resposta imune humoral específica aos antígenos de P brasiliensis Se essas modulações de resposta imune estão associadas com a gravidade da PCM doença, requer estudos adicionais Na esquistossomose mansônica, a co-infecção com P brasiliensis induz redução no número de ovos no fígado, com diminuição no tamanho de granulomas hepático bem como decrescimo no número de ovos nas mucosas intestinais ou nas fezes, o que poderia favorecer o hospedeiro Por outro lado, também induz modulação de citocinas local (fígado) ou sistemica e supressão de resposta humoral aos antígenos de ovos de S mansoni o que poderia ser prejudicial ao hospedeiro, o que requer também estudos adicionais Em conjunto, a co-infecção de P brasiliensis e S mansoni induz mutuamente modulações de citocinas e anticorpos que podem afetar ambas as doenças, PCM e esquistossomose

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Palavras-chave

Paracoccidioidomicose, Esquistossomose mansônica, Citocinas, Fungos, Helminto, Paracoccidioidomycosis, Cytokines, Imunopathology

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