Auto eficácia De Estudantes De Pedagogia Para Ensinar Matemática E Percepções Das Fontes
Data
2025-02-27
Autores
Morais, Caroline de
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Resumo
Pesquisas têm mostrado que as crenças de autoeficácia na formação inicial de professores têm influência na aprendizagem e no ensino em relação à matemática, ressaltando que aqueles que desenvolveram sólidas crenças de autoeficácia tendem a lidar melhor com desafios no ensino. Nesta perspectiva da Teoria Social Cognitiva, dois objetivos interligados nortearam a presente pesquisa. O primeiro foi investigar em que medida estudantes de Pedagogia já terão desenvolvido a autoeficácia necessária para ensinar matemática, no futuro, nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Como segundo objetivo, buscou-se identificar as percepções dos estudantes que já passaram pelo estágio quanto à influência das fontes quer alimentam essa crença. Trata-se de estudo exploratório, que envolveu 513 estudantes de Pedagogia de duas instituições públicas de Ensino Superior, com 464 (90,6%) do sexo feminino e 47 (9,2%) do sexo masculino. A idade dos participantes variou de 17 a 21 anos (faixa 1) até um grupo de 42 anos ou mais (faixa 5). Inicialmente, os coordenadores das duas instituições foram informados sobre a pesquisa por e-mail e, na sequência, deram a permissão para a execução do estudo. Para a presente pesquisa, dois questionários em escala tipo Likert foram aplicados. O primeiro, construído para esta pesquisa, com 15 itens, destinava-se a medir as crenças de autoeficácia para ensinar matemática no seu futuro como professores, com respostas a serem marcadas numa escala de 0 a 6. Aos estudantes que já haviam passado pelo estágio (n = 97) foi aplicada uma segunda escala com oito itens, elaborada para avaliar as percepções das quatro fontes de autoeficácia preconizadas por Bandura. Um novo item foi adicionado para avaliar a percepção dos conhecimentos adquiridos no curso. Os dois conjuntos de escalas foram intitulados Questionário de Autoeficácia e suas fontes para acadêmicos de Pedagogia (Bzuneck; Morais, 2024). As análises estatísticas trouxeram os seguintes resultados. A média geral da Autoeficácia para ensinar Matemática entre os 513 participantes foi acima do ponto médio (4,43 DP = 0,81), com distribuição assimétrica à esquerda. Comparando os períodos, os alunos do noturno apresentaram média significativamente maior (M = 4,51) do que os do matutino (M = 4,35), conforme o Teste t de Student (t = 2,29, p = 0,02). Ao comparar 97 estudantes que realizaram estágio (de 1 a 10 aulas) com uma amostra similar daqueles que ainda não haviam estagiado, verificou-se que o primeiro grupo apresentou uma média significativamente mais baixa em autoeficácia (M = 4,24) em relação ao segundo (M = 4,53). Analisando os 97 estudantes que deram aula no estágio, as médias das quatro fontes de Autoeficácia variaram, com destaque para experiência de domínio (M = 4,18) e conhecimentos adquiridos no curso (M = 4,31). Correlações de Spearman indicaram que todas as quatro fontes estavam significativamente associadas à autoeficácia. Entretanto, a percepção dos conhecimentos no curso apresentou correlação negativa. Por fim, comparando os alunos que deram apenas de 1 a 2 aulas no estágio com aqueles que ministraram de 4 a 10 aulas, verificou-se que o segundo grupo obteve escores significativamente mais altos em experiência de domínio, experiência vicária e ansiedade. Esse resultado sugere que, à medida que os estudantes avançam no estágio, sua percepção sobre as próprias capacidades se torna mais realista em sentido positivo. O estágio supervisionado impacta inicialmente de forma negativa a autoeficácia para ensinar Matemática, uma vez que os estudantes apresentaram médias significativamente menores do que aqueles que ainda não iniciaram a prática (t = 2,63, p = 0,005). Isso sugere que a experiência real de ensino leva a uma autoavaliação mais crítica das próprias capacidades. No entanto, estudantes que ministraram mais aulas no estágio (4-10) tiveram escores mais altos em experiência de domínio e de persuasão social, além de ansiedade. Por um lado, os dados indicam que uma prática mais estendida pode fortalecer a autoeficácia, pela influência de ao menos duas fontes. Por outro, a percepção de ansiedade em relação ao ensino de matemática sugere que essa emoção tem certo impacto negativo à confiança docente em suas capacidades para esse ensino. Foram apontadas limitações na condução do estudo. Os resultados foram discutidos à luz da Teoria social cognitiva e foram comparados com os de estudos anteriores, especialmente com os nacionais. Por último, nas considerações finais, foram apresentadas diretrizes para professores do curso, em vista do desenvolvimento da autoeficácia dos estudantes para o ensino de matemática nos anos iniciais do ensino fundamental.
Descrição
Palavras-chave
Autoeficácia Docente, Fontes de Autoeficácia, Ensino de Matemática, Formação de Professores, Ensino fundamental, Instituições públicas, Ensino superior