Estudo epidemiológico da Hepatite C no estado do Paraná : análise espacial e tendência temporal, 2007 a 2022

Data

2023-12-12

Autores

Tiroli, Carla Fernanda

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Resumo

Introdução: A Hepatite C é considerada um problema de saúde pública mundial e possui uma forte relação com os Determinantes Sociais da Saúde, que, por sua vez, estão atreladas às desigualdades sociais. Nesse cenário, encontra-se a Atenção Primária à Saúde, ordenadora das Redes de Atenção à Saúde e coordenadora do cuidado, sendo a principal porta de entrada do usuário, contando com a participação do profissional enfermeiro que realiza o cuidado nos diversos níveis assistenciais, com competência técnica para orientar e realizar o diagnóstico precoce. Objetivo geral: Analisar a associação do Anticorpo Específico contra o Vírus da Hepatite C com o perfil demográfico e relação espacial por meio do georreferenciamento, e a tendência temporal dos casos no estado do Paraná. Método: Foram desenvolvidos três estudos: o primeiro trata-se revisão integrativa, incluindo os estudos originais indexados no repositório da Biblioteca Virtual de Saúde e nas bases Embase, Web of Science e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online via PubMed e Ovid, publicados em português, inglês, espanhol e sem limite temporal. O segundo estudo transversal totaliza uma amostra de 32.829 casos que realizaram o exame Anticorpo Específico contra o Vírus da Hepatite C com resultados reagente e não reagente no período 2007 a 2022. Enquanto, o terceiro, do tipo ecológico, registou 19452 casos no período de 2007 a 2022. Resultados: Na revisão integrativa, foram incluídos 151 artigos e foram selecionados seis artigos, o que gerou dois eixos temáticos: características individuais (idade, sexo e raça/etnia) e condições socioeconômicas, culturais e ambientais gerais (privação socioeconômica, desemprego, pobreza, índice de desenvolvimento humano, produto interno bruto, baixa escolaridade e características de habitação). No segundo, observou-se que 11.627 (35,4%) apresentaram Anticorpo Específico contra o Vírus da Hepatite C reagente, com predomínio do sexo masculino, com idade entre 18 e 59 anos, baixa escolaridade e raça branca. No modelo de regressão logístico final, encontram-se as variáveis que aumentaram as chances com o desfecho com Anticorpo Específico contra o Vírus da Hepatite C, a saber: drogas injetáveis, transfusional, drogas inaláveis, tatuagem/piercing, tratamento cirúrgico e hemodiálise. No terceiro estudo, a maioria era do sexo masculino, com faixa etária de 31 a 59 anos, raça branca, escolaridade até nove anos de estudos e residentes na zona urbana. Foi possível notar mudanças na estrutura da série temporal nos anos 2010, 2015 e 2020. Ao identificar os mapas da taxa de incidência, os municípios de Tamboara, Campina Grande do Sul e Cambará apresentaram os maiores índices de incidência. Na densidade de Kernel, identificou as regiões que possuem a maior concentração de casos, destaca-se a região metropolitana de Curitiba, seguida da norte central, oeste e por fim centro oriental. Por meio do Índice de Moran, nota-se a presença cluster alto-baixo nas regiões de noroeste, centro ocidental, oeste, sudoeste, centro sul, norte central, centro ocidental e sudeste. Enquanto o cluster alto-alto concentra-se na região metropolitana de Curitiba, bem como nas regiões noroeste e norte, além de um cluster grande baixo-alto foi formado por municípios conglomerados pertencentes à região metropolitana de Curitiba. Na análise de Gi*, as regiões noroeste, sudoeste e centro ocidente, sul e ocidental indicam associação com baixas taxas, e altas taxas foram encontradas na região metropolitana de Curitiba, noroeste e norte. No que se refere à análise puramente espacial, foram identificados três aglomerados espaciais de alto risco estatisticamente significativos, sendo eles: municípios de Campina Grande do Sul, Curitiba e Maringá. Enquanto nas áreas de risco espacial, os aglomerados indicam a Tendência Temporal Interna com crescimento aproximadamente de 3.7% ao ano. Considerações: As drogas injetáveis, transfusional, drogas inaláveis, tatuagem/piercing, tratamento cirúrgico e hemodiálise aumentaram as chances com o desfecho Anticorpo Específico contra o Vírus da Hepatite C reagente. Identificaram-se diferentes áreas geográficas de influência entre as regiões, permitindo estimar a ocorrência do evento em cada município do estado. Fica evidente a necessidade de revisar as políticas públicas de saúde, assim como reformular estratégias que aproximem a Atenção Primária à Saúde a esse público em específico. Espera-se que este estudo direcione os gestores e as equipes de saúde na reestruturação das estratégias de vigilância da doença em prol da prevenção, do controle e do acompanhamento desse agravo e que as instituições de ensino em saúde possam colaborar com a participação de seus alunos e de seus professores.

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Palavras-chave

Hepatite C, Anticorpos anti-hepatite C, Epidemiologia, Enfermagem em saúde pública, Estudos ecológicos, Enfermagem

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