Ecologia e conservação da Maria-catarinense (Hemitriccus kaempferi) : um endemismo da Mata Atlântica do sul do Brasil

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Willrich, Guilherme

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Resumo

Resumo: O mundo está enfrentando uma crise de perda de espécies, e a prevenção de extinções é uma questão urgente Para tal, é necessário traçar estratégias de conservação para espécies em risco de extinção No entanto, tais estratégias devem ser baseadas em uma riqueza de informações ecológicas, que muitas vezes não são conhecidas para a maioria das espécies O presente estudo, teve como objetivos investigar aspectos ecológicos e de história natural de Hemitriccus kaempferi (maria-catarinense), uma espécie de ave ameaçada de extinção e endêmica da Mata Atlântica do sul do Brasil, de modo a contribuir futuramente para sua conservação Primeiramente, por meio do uso de modelos de distribuição de espécies buscouse identificar as áreas com maior adequabilidade para a espécie e também elucidar sua distribuição geográfica atual Adicionalmente estimou-se a proporção de habitat remanescente e a propoção de sua distribuição geográfica coberta por unidades de conservação Em um segundo momento, por meio do monitoramento populacional, buscou-se descrever diversos aspectos de sua história natural, que incluem: i) área de vida; ii) estratégias de forrageio; iii) dieta e; iv) biologia reprodutiva De acordo com o modelo de distribuição de espécies, as áreas com maior adequação ambiental para H kaempferi estão restritas às florestas de baixa altitude do litoral sul do estado do Paraná e litoral centro-norte do estado de Santa Catarina, no sul do Brasil A distribuição prevista abrange uma área de 795km2, dos quais apenas 45,26% estão cobertos por floresta e 1,11% por reservas A distribuição geográfica atual foi baseada em 166 localidades de ocorrência e abrange uma área de 6298,83 km2 (8% da distribuição prevista), dos quais 43,89% e 9,31% são cobertos por florestas e reservas, respectivamente Devido à distribuição restrita, grande perda de habitat e pequena cobertura de reservas, ações de conservação precisam se concentrar urgentemente na preservação dos remanescentes florestais, programas de restauração de habitat, estabelecimento de novas áreas protegidas e conscientização de cidadãos Em relação ao monitoramento populacional, foram observadas diferenças no comportamento entre os sexos, com machos extremamente territorialistas e fêmas que não defendem territórios e executam sozinhas todas as atividades reprodutivas, incluindo construção de ninho, incubação e cuidado parental A área de vida média dos indivíduos foi de ,77 ± ,36 ha, segundo o método de mínimo polígono convexo, e 1,88 ± ,59 ha segundo o estimador de Kernel fixo (95%) Alguns machos partilharam sua área de vida com uma ou duas fêmeas, enquanto outros não partilharam com nenhuma Em relação às estratégias de forrageio e dieta, foram observadas sete estratégias de forrageio para a espécie, sendo "upward striking" a mais utilizada (76%) Além disso, 11 ordens de artrópodes foram consumidas pela espécie, com prevalência das ordens Lepidoptera e Coleoptera Em relação à biologia reprodutiva, ninhos desta espécie se assemelharam aos ninhos descritos previamente para o gênero, possuindo formato de bolsa fechada, oval e fixação superior e lateral Ovos foram descritos pela primeira vez As informações obtidas no presente estudo sugerem que a espécie apresente um sistema de acasalamento políginico com defesa de recursos

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Palavras-chave

Ave, Ecologia, Maria catarinense (Ave), Ave, Proteção, Ecology, Kaempfer's Tody-tyrant, Birds, Protection of, Birds

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