Nanopartícula biogênica de prata induz morte de esquistossômulos e vermes adultos de Schistosoma mansoni e reduz carga parasitária na esquistossomose mansônica experimental

Data

2020-11-27

Autores

Detoni, Mariana Barbosa

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Resumo

A esquistossomose constitui uma doença parasitária aguda e crônica causada por trematódeos do gênero Schistosoma, a qual está incluída na lista de Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Atualmente, a quimioterapia representa o principal recurso para minimizar a prevalência e incidência desta doença no mundo. O tratamento atual é baseado na administração do Praziquantel (PZQ), quimioterápico ineficaz contra formas imaturas do parasito, tampouco durante a formação dos granulomas, além de demonstrar que é capaz de induzir resistência do parasito ao medicamento em casos de uso constante. Desta forma, é necessário a busca por novas alternativas terapêuticas que atuem nas diferentes formas evolutivas do parasito bem como durante a patologia. Em vista disso, este estudo buscou avaliar a ação esquistossomicida in vitro e in vivo de nanopartículas biogênicas de prata (AgNp-Bio) produzidas extracelularmente utilizando fungo filamentoso Fusarium oxysporum. Inicialmente, esquistossômulos de S. mansoni foram expostos a diferentes concentrações de AgNp-Bio (0.2-10 µg/mL) e avaliados quanto à viabilidade, sendo determinada a concentração letal para 50% dos parasitos (LC50) de 0,84 µg/mL e avaliada alteração de integridade de membrana. Vermes adultos foram avaliados quanto à motilidade, viabilidade, metabolismo mitocondrial, alterações morfológicas, além de parâmetros de estresse oxidativo, como avaliação de espécies reativas de oxigênio (ERO), determinação dos níveis de óxido nítrico (NO), e malondialdeído (MDA). Em relação aos mecanismos envolvidos na morte de vermes adultos, o estudo também avaliou alteração do potencial de membrana mitocondrial e da membrana celular, formação de vacúolos autofágicos, além da produção de corpos lipídicos. Como resultado, foi determinada LC50 de 12,62 µg/mL, com perda de motilidade e indução de danos tegumentares. Quanto aos possíveis mecanismos envolvidos na morte do parasito AgNp-Bio foi capaz de promover estresse oxidativo nos vermes adultos tratados através do aumento da produção ERO, bem como aumento de NO e MDA. Também foi avaliado que o composto induziu despolarização da membrana mitocondrial, formação de vacúolos autofágicos e perda da integridade da membrana plasmática. Em relação a infecção experimental, camundongos BALB/c tratados por via oral com AgNp-Bio nas doses de 0,25; 0,5 e 1 mg/kg não apresentaram toxicidade significativa. Posteriormente, o tratamento com 0,5 mg/kg de AgNp-bio em camundongos infectados por S. mansoni demonstrou redução total de vermes perfundidos do sistema porta-hepático e da contagem de ovos retidos no fígado, bem como diminuição da hepatoesplenomegalia, com resultados semelhantes aos tratados com PZQ. Em vista disso, os resultados demonstraram que AgNp-Bio apresenta ação esquistossomicida, induzindo a morte de formas imaturas e de vermes adultos, e contribuindo para a redução da patologia associada à doença

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Palavras-chave

Patologia experimental, Schistosoma mansoni, Nanotecnologia, Tratamento, Estresse oxidativo

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