O fenômeno totalitário à luz da teoria de Hannah Arendt e sua relação com a contemporaneidade
Data
2025-03-28
Autores
Santos, Rafael Marini
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Resumo
presente dissertação apresenta como tema central a relação entre o fenômeno totalitário próprio da primeira metade do século XX e a contemporaneidade, possuindo como fio condutor a obra desenvolvida pela filósofa Hannah Arendt. A problematização ocorre na medida em que se questiona se há elementos totalitários na política contemporânea e como eles se manifestam, objetivando, nesse sentido, traçar um paralelo não apenas entre épocas distintas, mas entre as diferentes formas assumidas pela ideologia totalitária para se adaptar a contextos diversos e as maneiras pelas quais ela se relaciona com as massas. E, em que pese as diferenças determinadas pelo lapso temporal entre as sociedades sob análise, busca-se pontos de intersecção entre os sintomas apresentados por ambas, tal qual a tendência de negação da política, o solapamento da esfera pública, a banalização da tragédia, o isolamento, a alienação e a atomização dos indivíduos. Tendo em vista o falecimento de Arendt em 1975, faz-se necessário, evidentemente, o apoio bibliográfico de autores que se debruçaram perante a sociedade contemporânea. Denota-se, com o presente estudo, que as condições para efervescência do totalitarismo permanecem presentes, ainda que em estado latente, graças à adaptabilidade de sua ideologia, ajustada às demandas da pós-modernidade e à era da hiperglobalização e da instantaneidade. A pesquisa é bibliográfica e alicerçada na leitura de algumas obras centrais, responsáveis por balizar os argumentos da pesquisa, como Origens do totalitarismo e Eichmann em Jerusalém, ambas de Hannah Arendt; Sociedade do cansaço e Não-coisas: reviravoltas do mundo da vida, de Buyng-Chul Han; Sobre o político e Por um populismo de esquerda, de Chantal Mouffe; Os engenheiros do caos, de Giuliano da Empoli; O ovo da serpente, de Consuelo Dieguez. Por fim, a conclusão obtida aponta à necessidade de retomada da esfera pública como espaço político, onde as demandas dos sujeitos são postas e debatidas, gerando representatividade e pertencimento, visto que o totalitarismo se alimenta precisamente da ausência de tais sensações, conquistando o indivíduo através da ideologia e do terror. Assim, o principal resultado alcançado reside no discernimento de que o fenômeno totalitário, muito longe de se tratar de um fato histórico pertencente ao passado, remanesce como potencialidade de futuro, sobretudo em uma era marcada pela desinformação e antagonismos morais na política, que, por sua vez, é hodiernamente atacada, razão pela qual a luta por sua valorização há de ser constante, permanecendo vigilantes contra as propensões de normalização e incorporação de discursos violentos, segregacionistas, autoritários e populistas na vida política.
Descrição
Palavras-chave
Totalitarismo, Hannah Arendt, Contemporaneidade