O feminino multifacetado: uma leitura comparativa entre as obras de Edvard Munch e de Hilda Hilst

dc.contributor.advisorDias, Ellen Mariany da Silva
dc.contributor.authorMonte, Ana Laura Lemes
dc.contributor.bancaFranco Junior, Arnaldo
dc.contributor.bancaVieira, Miguel Heitor Braga
dc.coverage.extent115 p.
dc.coverage.spatialLondrina
dc.date.accessioned2025-04-17T17:51:03Z
dc.date.available2025-04-17T17:51:03Z
dc.date.issued2025-01-24
dc.description.abstractA ideia desta dissertação baseia-se em uma organização não convencional, pois propõe um diálogo não-linear entre dois universos narrativos com modalidades e contextos de produção considerados distantes: a pintura simbolista/expressionista do norueguês Edvard Munch (1863-1944) e a poética da autora brasileira Hilda Hilst (1930-2004). A comparação interartes se faz possível ao observarmos o modo como ambos os artistas representam o feminino, uma vez que tanto Munch, na Europa do final do século XIX, quanto Hilst, no Brasil do século XX, flagram estética e historicamente a ascensão de três principais visões burguesas sobre as mulheres e as traduzem em suas obras: a mulher idealizadamente pura, destinada ao casamento; a mulher erotizada, mas vista como um perigo à família burguesa; e a mulher decadente, que não possui uma função definida dentro da sociedade burguesa e, portanto, torna-se ineficiente para ela. Nesse contexto, por meio do cotejo entre as obras selecionadas, evidencia-se uma oposição na intencionalidade de ambos os artistas, visto que Edvard Munch limita-se em figurar os diferentes atributos burgueses ligados ao feminino, enquanto Hilda Hilst interroga a permanência destas feminilidades ao propor uma lírica dos avessos (Sobrinho, 2013), por meio do resgate e reinversão de formas fixas clássicas – soneto, elegia, trovas e balada. Desse modo, ao reproduzir os moldes clássicos a partir de um eu lírico feminino, a temática ganha uma nova abordagem na poética de Hilst, contrapondo-se ao propósito de Munch e demonstrando a persistência temporal e intrínseca na sociedade ocidental sobre estes modelos de feminilidade, visto que a tradição constitui um processo conflituoso, de idas e vindas (Carvalhal, 2006). Assim, nosso cotejo entre obras de semelhança temática e, certa medida, formal, em contextos de produções tão distintos, considerando a linguagem poética e pictórica como um sistema dialógico (Bakhtin, 1981), permite-nos tecer os caminhos interpretativos a partir de uma leitura constelar que, tal como o fazer poético de Hilst, rompe com a linearidade das obras selecionadas, de seus sentidos e de seus discursos, inclusive reverberando nas manifestações da atualidade. Quando observamos, cotejamos e interligamos os elementos como uma constelação, surge a hipótese de que, sob o ponto de vista do masculino, os discursos que carregam os modelos burgueses de feminilidade são multifacetados e atemporais. Em outras palavras, consideramos que a idealização, a erotização e a decadência feminina sejam atributos contidos, ao mesmo tempo, em uma só mulher e em todas, de acordo com as necessidades de manutenção das sociedades regidas por discursos e práticas empreendidos por seguimentos dominantes, o que restringe ainda mais a possibilidade feminina de possuir uma plena identidade social (Kehl, 2016). Acreditamos, portanto, que este feminino multifacetado deve ser compreendido por uma metodologia não linear, de maneira a permitir que o observemos por outras perspectivas, outras leituras, outros olhares de modo a percebermos em que medida suas representações estão contidas em nosso passado e o modo como elas são refletidas no momento presente. Isto nos possibilita, ainda mais, questioná-las.
dc.description.abstractother1The idea of this dissertation is based on an unconventional organization, as it proposes a non-linear dialogue between two narrative universes with production modalities and contexts considered distant from one another: the symbolist/expressionist painting of the Norwegian Edvard Munch (1863-1944) and the poetry of the Brazilian author Hilda Hilst (1930-2004). The interartistic comparison becomes possible when we observe the way in which the artists represent the feminine, since both Munch, in late 19th century Europe, and Hilst, in 20th century Brazil, capture the aesthetical and historical rise of three main bourgeois visions of women and depict them into their works: the idealized pure woman, destined for marriage; the eroticized woman, but seen as a danger to the bourgeois family; and the decadent woman, who does not have a defined function within bourgeois society and, therefore, becomes inefficient for it. In this context, by comparing the selected works, an opposition in the intentions of both artists becomes evident, as Edvard Munch limits himself to portraying the different bourgeois attributes associated with the feminine, while Hilda Hilst questions the permanence of these femininities by proposing a lyric of the opposite (Sobrinho, 2013), through the recovery and reinversion of fixed classical forms – sonnet, elegy, trovas, and ballads. Therefore, by reproducing classical molds through a feminine lyrical self, the theme takes on a new approach in Hilst's poetry, contrasting with Munch's intent and demonstrating the temporal and intrinsic persistence of these models of femininity in Western society, as tradition constitutes a conflicting process, with ebb and flow (Carvalhal, 2006). Thus, our comparison between works of thematic equivalence in such distinct production contexts, considering poetic and pictorial language as a dialogical system (Bakhtin, 1981), allows us to weave interpretative paths through a constellation reading that, like Hilst's poetic work, breaks with the linearity of the selected works, their meanings and their discourses, even reverberating in current manifestations. When we observe, compare, and interconnect the elements as a constellation, it arises the hypothesis that the discourses that carry the bourgeois models of femininity are multifaceted and timeless for masculinity, that is, we consider that idealization, eroticization, and feminine decadence are attributes contained in one woman and in all, according to the needs of maintaining societies, which further restricts the possibility for women to possess a full social identity (Kehl, 2016). We therefore believe that the segments of this multifaceted femininity, when understood through a non-linear interpretative approach, allow for other perspectives, other readings, other views of such representations contained in our past and the way in which they are reflected in the present moment, further allowing us to question them.
dc.identifier.urihttps://repositorio.uel.br/handle/123456789/18703
dc.language.isopor
dc.relation.departamentCLCH - Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas
dc.relation.institutionnameUniversidade Estadual de Londrina - UEL
dc.relation.ppgnamePrograma de Pós-Graduação em Letras
dc.subjectEdvard Munch
dc.subjectHilda Hilst
dc.subjectFeminilidades
dc.subjectLiteratura comparada
dc.subjectFeminilidade na arte
dc.subjectFeminilidade na literatura
dc.subjectDiálogo
dc.subject.capesLingüística, Letras e Artes - Letras
dc.subject.cnpqLingüística, Letras e Artes - Letras
dc.subject.keywordsEdvard Munch
dc.subject.keywordsHilda Hilst
dc.subject.keywordsFemininities
dc.subject.keywordsLiterature, Comparative
dc.subject.keywordsFemininity in art
dc.subject.keywordsFemininity in literature
dc.subject.keywordsDialogue
dc.titleO feminino multifacetado: uma leitura comparativa entre as obras de Edvard Munch e de Hilda Hilst
dc.title.alternativeThe many-sided feminine: a comparative reading between the works of Edvard Munch and Hilda Hilst
dc.typeDissertação
dcterms.educationLevelMestrado Acadêmico
dcterms.provenanceCentro de Letras e Ciências Humanas

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