TEN, Abdias do Nascimento e Rosário Fusco : a (re)construção da personagem negra no teatro brasileiro
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Nogari Junior, Arnaldo
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Resumo: O presente trabalho tem por finalidade o estudo das peças Sortilégio – Mistério Negro (1951), Sortilégio II – Mistério de Zumbi Redivivo (1979), ambas de Abdias do Nascimento (1914-211), e Auto da Noiva (1946), autoria de Rosário Fusco (191-1977), com enfoque na representação da cultura afro-brasileira e das narrativas míticas representadas pelos Orixás e na reconstrução da personagem negra nesse contexto As peças Sortilégio – Mistério Negro e Auto da Noiva integram, juntamente com outras sete peças, a antologia de teatro negro brasileiro Drama para negros e prólogo para brancos (1961), a primeira coletânea de produções dramatúrgicas brasileira que colocou o negro, sua cultura e suas aspirações como foco das peças teatrais Já a peça Sortilégio II trata-se de uma reescrita do primeiro Sortilégio, após 28 anos, na qual o autor revisa detalhes que acentuam o engajamento do mistério negro As peças em questão foram escritas para o Teatro Experimental do Negro (TEN), movimento fundado em 1944 pelo próprio Abdias do Nascimento, o qual visava introduzir o negro e sua identidade cultural na cena brasileira, como também expor os conflitos e limitações impostas a esta classe pela elite conservadora, através do ponto de vista do oprimido Desse modo, a partir do marco que foi o TEN, pretende-se, na presente Dissertação discutir como são representadas as identidades culturais do novo modelo de personagem negra no teatro brasileiro, a partir das análises das peças de Nascimento e da peça de Fusco, principalmente a relação da cena e das ações com a religiosidade afro e com os Orixás Considerando a temática abordada pelas referidas peças, a autoria, o lugar de enunciação e os recursos linguísticos empregados, também é incumbência do presente trabalho contextualizar as obras selecionadas para análise, a partir dos estudos e dos conceitos sobre literatura afro-brasileira, principalmente os postulados por Eduardo de Assis Duarte (211) Por configurar um novo modelo de personagem negra no teatro e na dramaturgia brasileira, o TEN não foi recebido positivamente pela crítica e, consequentemente, pelos membros da comunidade, uma vez que para estes não se justificava a fundação de um teatro de negros com tais propósitos, pois o Brasil era visto como um país em que o racismo não existia Assim sendo, o presente trabalho também propõe evidenciar o impacto causado pela criação do TEN e sua recepção pela crítica, através das publicações do jornal Quilombo: Vida, problemas e aspirações do negro e dos trabalhos da pesquisadora Elisa Larkin Nascimento (23) Considerando os recursos dramatúrgicos utilizados por Nascimento e Fusco em suas peças, a presente pesquisa destaca nas referidas produções aspectos inerentes ao Teatro Político (BOAL, 213) e ao Teatro Épico (BRECHT, 1967), os quais são empregados de maneira a suscitar no público a necessidade de transformação social, uma vez que são capazes de levar os sujeitos a refletirem e a tomarem consciência dos contrassensos compartilhados pelo meio, que no caso das peças do TEN, está relacionado à condição social imposta aos afro-brasileiros
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Palavras-chave
Teatro brasileiro, História e crítica, Cultura afro-brasileira, Orixás, Nascimento, Abdias do - 1914-2011, Criticism and interpretation, Brazilian drama - History and criticism, Fusco, Rosário - 1910-1977, Criticism and interpretation