O romanceiro feminino nikkei : memória e (des)identidades no livro "Sonhos bloqueados", de Laura Honda-Hasegawa (1980-1991)

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Ueno, Luana Martina Magalhães

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Resumo: As narrativas sobre a imigração japonesa para o Brasil e o cotidiano dos nikkeis têm sido trabalhados pela perspectiva masculina, tratando as questões de identidade, a adaptação, a vida difícil no Brasil e o discurso de vitória Todavia, as narrativas deixam de lado as contribuições das mulheres ou colocam-nas em um papel secundário, muitas vezes sendo estereotipadas e reduzidas Essas questões começaram mudar a partir da metade década de 198, mais especificamente no aniversário de 8 anos da imigração japonesa, quando ocorreu uma busca pela construção de memória sobre a imigração, o que levou à publicação de livros autobiográficos e romances Conjuntamente a essas publicações, surgiu a literatura de autoria feminina nikkei, composta, em geral, por autoras imigrantes japonesas e nipo-brasileiras As obras versam sobre o cotidiano das mulheres nikkeis no Brasil, protagonizando-as e rompendo com o silenciamento ou com as representações reducionistas Tendo em vista essas considerações, objetivamos nesta pesquisa analisar a construção de memória e as (des)identidades das nipo-brasileiras, sugerindo que as nikkeis se insurgiram contra os papéis sociais generificados, subvertendo e conquistando novos lugares na sociedade Para isso, utilizamos como fonte o romance “Sonhos Bloqueados”, escrito por Laura Honda-Hasegawa e publicado em 1991 pela editora Estação Liberdade A obra discorre sobre o cotidiano de uma nisei, ou seja, é uma narrativa feminina Nas análises da obra, enfatizamos quatro temas principais: as (des)identidades das nikkeis; a visão do grupo japonês sobre o mestiço; a cidade como centro de realizações; e a experiência feminina no fenômeno dekasegi Como aporte teórico, empregaremos os autores que debatem a memória, tais como Michael Pollak e Pierre Nora Metodologicamente, analisaremos as literaturas nas perspectivas de Antonio Candido de Mello e Souza e Roger Chartier, compreendendo as influências sociais nas obras, os autores como sujeitos de seu tempo e que a produção dos livros não depende apenas dos escritores Como resultados, sugerimos que as narrativas de autoria feminina nikkei trouxeram novas perspectivas sobre a imigração japonesa, abordando a insubmissão das mulheres contra as formas de dominação, trabalhando a (des)identificação com os moldes normatizadores, baseados no pensamento ryosai-kenbo e na estrutura familiar ie, e da imagem cristalizada de “submissas, obedientes e silenciosas” Dessa forma, entendemos que as nikkeis flertaram com uma maior independência e com a construção subjetiva do eu

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Palavras-chave

História social, Japoneses, Migrações, Memória, Mulheres, Social history, Migrations, Memory, Women, Japanese

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