Investigação da variante genética LTF rs1126478 como marcador de suscetibilidade e detecção de cárie pelo método ICDAS em pré-escolares
Data
2020-04-01
Autores
Singi, Paola
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Resumo
A cárie dentária é considerada o maior problema de saúde bucal no mundo, acometendo adultos e crianças em todas as faixas etárias e classes sociais. Estudos tem associado a participação de proteínas salivares, como a lactotransferrina (LTF) na patogênese da cárie. A LTF é uma glicoproteína salivar importante, que interage com o biofilme dentário por diferentes mecanismos como atividade quelante de ferro ou ainda por modular o desenvolvimento do biofilme dentário e inibir a adesão do Streptococcus mutans na superfície dentária. Sabendo que variações genéticas podem alterar a expressão e produção de proteínas e já foram descritas muitas variações na sequência gênica da LTF, o objetivo deste estudo foi avaliar a influência da variante LTF rs1126478 (c.140A>G no exon 2, Lys47Arg) na suscetibilidade à cárie dentária em pré-escolares. O artigo 1 descreveu um protocolo para calibração de dentistas em diagnósticos de cárie dentária a partir do Sistema Internacional de Detecção e Avaliação de Cárie (ICDAS). Neste estudo transversal, quatro examinadores avaliaram 800 superfícies de molares decíduos em 20 pré-escolares. O treinamento teórico-prático foi conduzido por um odontopediatra com experiência em estudos epidemiológicos. Foram realizadas duas rodadas (1 e 2), cada uma consistindo de dois exames intra-orais sob condições padronizadas, com um intervalo de 7 dias entre os exames (n=10). A confiabilidade foi avaliada pelo índice kappa ponderado. As concordâncias intra-examinadores variaram de 0,56 a 0,76 e 0,72 a 0,83 nas rodadas 1 e 2, respectivamente. Para a concordância inter-examinadores a variação foi de 0,45 a 0,73 e 0,62 a 0,73 nas rodadas 1 e 2, respectivamente. O treinamento melhorou consideravelmente os resultados e o protocolo descrito permitiu estabelecer um alto grau de confiabilidade entre os examinadores. O artigo 2 descreveu um estudo caso-controle, no qual foram incluídas 448 crianças em idade pré-escolar de 3 a 6 anos; 219 do sexo masculino e 229 do sexo feminino. Após o exame intra-oral, a população do estudo foi dividida de acordo com os critérios do ICDAS em grupos: 48 crianças sem cárie (ICDAS 0), 248 crianças no grupo com lesão de mancha branca (ICDAS 1-2) e 152 crianças no grupo com cárie de esmalte e dentina (ICDAS 3-6). O polimorfismo do gene LTF rs1126478 foi genotipado pela técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR) seguida da análise dos fragmentos de restrição (Restriction Fragment Length Polymorphism (RFLP)), a partir do DNA extraído de saliva coletada das crianças. Por meio de modelo de regressão logística multinomial ajustado para fatores de confusão, observou-se que crianças com o genótipo AG apresentaram menor suscetibilidade à cárie quando comparadas àquelas com o genótipo AA (OR= 0,42; IC95%= 0,18-0,95; P= 0,038) e AA+GG (OR= 0,43; IC95%= 0,21-0,87; P= 0,020). Fatores intrínsecos e comportamentais, especialmente a frequência de ingestão de açúcar foram associados com processo de cárie. Este é o primeiro estudo a mostrar a associação da variação genética LTF rs1126478 no desenvolvimento de cárie, utilizando os critérios do ICDAS. O polimorfismo LTF rs1126478 foi associado com a cárie dentária em uma população brasileira, entretanto mais análises são necessárias para confirmar a real influência deste polimorfismo no desenvolvimento da cárie.
Descrição
Palavras-chave
Dentição primária, Polimorfismo genético, Pré-escolares, Lactoferrina, Cárie dentária - Pré-escolares