A construção da imagem de "culpado" e de "inocente" no tribunal do júri : um processo de representações linguísticas

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Resumo: A língua deve ser entendida como um instrumento de criação de sentidos, que representa as práticas de um indivíduo situado sócio-historicamente, o qual age sobre outros indivíduos em um processo de recriação da realidade Por meio das representações acumuladas ao longo de uma vida, o ser humano constrói sua identidade linguística e a emprega de acordo com as condições contextuais estabelecidas no momento de interação, uma vez que a linguagem só tem sentido porque é voltada para o outro Nesse sentido, este trabalho demonstra o processo de construção de imagens por meio de representações linguísticas Para ilustrar o assunto, foram recortados, como corpus de pesquisa, os debates iniciais entre promotor de justiça e advogado de defesa em uma audiência de competência do tribunal do júri que é a jurisdição competente para julgar os crimes cometidos, de forma dolosa, contra a vida Entre outras particularidades, nesse tipo de julgamento processual a autoridade enunciativa da verdade jurídica desloca-se do juiz de direito para os jurados, pessoas comuns, e são para essas pessoas que os discursos de acusação e de defesa são direcionados Para construir a imagem de culpado e de inocente, promotor e advogado lançam mão de fortes apelos emocionais, uma vez que precisam convencer os jurados de suas versões acerca do fato Diante desse processo de produção de “verdades”, é preciso compreender a conversão linguística que os operadores do direito têm que realizar para converter seus saberes técnicos em uma linguagem de senso comum, de uma maneira que possam se fazer entender pelos jurados e de uma forma que preserve a sua própria face, além daquela referente aos interesses de quem representam A partir do entendimento de que a linguagem é o resultado do processo de recriação que o homem faz por meio de representações linguísticas e psicológicas do meio em que vive, faz-se necessário, no contexto do tribunal do júri, analisar os discursos de acusação e de defesa no sentido de que são construídos de forma finalisticamente orientada e que operam subjetividades que intencionam fazer valer seus pontos de vista Diante disso, a importância dos estudos a respeito de argumentação, uma vez que é impossível falar em linguagem jurídica sem se lembrar de argumentatividade Assim, justifica-se o fato de a análise corpórea deste trabalho ser direcionada à seleção lexical feita pelos agentes textualizadores em questão, e a verificação da intencionalidade que orientou e definiu seus discursos Eleger uma palavra para compor um texto significa deixar de fora muitas outras de um mesmo campo semântico, e é essa motivação que interessa para a argumentação

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Palavras-chave

Representações linguísticas, Oratória forense, Júri, Linguística forense, Linguagem, Forensic oratory, Forensic linguistics

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