A esperança em tempos sombrios : a produção poética brasileira da primeira metade do século XX

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Fuza, Patrícia Josiane Tavares da Cunha

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Resumo

Resumo: A função desse estudo crítico é analisar como se desenvolveu o sentimento esperança na produção poética brasileira da primeira metade do século XX, período em que suas premissas de existência, como a percepção de um futuro possível, abalaram-se profundamente, dada a atmosfera de medo e incerteza instaurada no Brasil e no mundo Em 1949, o filósofo alemão Ernst Bloch ao publicar sua obra máxima, Das Prinzip Hoffnung (O Princípio Esperança), dividida em três volumes, trouxe à baila a discussão sobre esse afeto, expondo um longo inventário daquilo que, sob a forma de sonhos e utopias, é portador de esperança A partir do que enxergava no passado e no presente, Bloch esboçou os contornos de um futuro possível, em que o homem reconquiste a si mesmo, ultrapasse o reino da alienação e realize um mundo novo Para tanto, nessa nova perspectiva blochiana, a esperança passaria de uma utopia inerte e contemplativa para uma ação de transformação do homem e da sociedade No entanto, na primeira metade do século XX, o otimismo de Ernst Bloch em relação à esperança de um mundo melhor chocou-se com uma dura realidade: a escuridão, o horror e o caos que marcaram duas grandes guerras mundiais Escuridão essa capaz de turvar os olhos do homem e, cegando-o, impedi-lo de vislumbrar o futuro possível proposto por Bloch Face às notícias das mortes em massa, dos genocídios, somados ao regime ditatorial instaurado no Brasil, restou ao homem a triste constatação de sua fragilidade e finitude, num contexto em que ele próprio encontrava-se naufragado em sua luta vã em busca de respostas para sua dura existência Esse luto interminável lhe gerou um transbordamento de emoções como o medo, a angústia, o desespero, a melancolia, a incerteza e, principalmente, a desesperança, como foi possível perceber nos três primeiros capítulos dessa pesquisa Configurou-se, assim, em grande parte da produção poética brasileira estudada, a negação do sentimento esperança proposto por Bloch No entanto, ainda que em menor medida, também foram detectados alguns focos de esperança em poemas do período, conforme apresenta o capítulo IV – “Mas viveremos” Discutiu-se a dialética blochiana que fez do fracasso, do medo e da morte motivos para que o homem supere o sofrimento presente e busque o futuro do ainda-não Para tanto, foram elencadas as formas de consolação usadas pelos poetas para atenuarem seu sofrimento, bem como as imagens poéticas da esperança Dentre elas, destacou-se o arquétipo da aurora como a representação do nascer de um novo dia e, assim, da certeza de que todo o sofrimento é passageiro e dará lugar à vida nova Ademais, foi reiterado o papel da escrita como um fortíssimo ato de resistência à situação vivida

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Palavras-chave

Poesia brasileira, História e crítica, Esperança, Princípio (Filosofia), Utopias, Hope, Principle (Philosophy), Brazilian poetry, History and criticism

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