Investigação da associação do polimorfismo de deleção APOBEC3A/B na infecção pelo HPV, no desenvolvimento de lesões intraepiteliais cervicais e de câncer de colo de útero

Data

2022-05-05

Autores

Castilha, Eliza Pizarro

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Resumo

O papilomavírus humano (HPV) gera uma infecção sexualmente transmissível que é majoritariamente assintomática, mas pode gerar diferentes graus de lesões cervicais de acordo com a competência imunológica do indivíduo, do tipo viral envolvido e da persistência da infecção. Variações em componentes do sistema imune, como nos genes da Enzima de Edição do mRNA da Apolipoproteína B (APOBEC), podem alterar essa resposta. O polimorfismo híbrido de deleção APOBEC3A/B (A3A/B) fornece uma atividade mutagênica para a proteína A3A, que é relatada no câncer cervical. Diante do exposto, o objetivo desse estudo foi avaliar a associação do polimorfismo A3A/B com a infecção pelo HPV e o desenvolvimento de lesões intraepiteliais cervicais e do câncer de colo de útero em mulheres atendidas pelo serviço público de saúde na região Norte do Paraná, Brasil. Foram coletadas amostras de sangue periférico e secreção cervical para a extração de DNA genômico, que foi utilizado para genotipagem do polimorfismo A3A/B (Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) alelo-específico) e caracterização quanto a presença do HPV (PCR convencional). Análises estatísticas foram realizadas utilizando o software SPSS Statistics adotando-se o nível de significância de p<0.05. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa com seres humanos da Universidade Estadual de Londrina (CAAE 05505912.0.0000.5231). Foram incluídas no estudo 369 mulheres pelo critério de amplificação para o polimorfismo, estas foram agrupadas inicialmente quanto a presença da infecção pelo HPV. O grupo com infecção pelo HPV foi subdivido de acordo com o grau de lesão em sem lesão, Lesão Intraepitelial Escamosa de Baixo Grau (LIEBG), Lesão Intraepitelial Escamosa de Alto Grau (LIEAG) e câncer cervical. Mediante a análise das características sociodemográficas e de comportamento sexual e reprodutivo incluídas no estudo (idade, tabagismo, renda mensal, uso de contraceptivos, uso de preservativos e sexarca), observamos que mulheres com ensino fundamental incompleto e que recebiam menos de um salário-mínimo eram mais suscetíveis ao desenvolvimento de LIEAG e câncer cervical, evidenciando limitações por fatores socioculturais. Em relação ao polimorfismo A3A/B, a distribuição dos genótipos homozigoto para o alelo selvagem, homozigoto para o alelo variante e heterozigoto foi equivalente entre os grupos e subgrupos analisados. Não houve diferenças significativas quanto a presença da infecção ou desenvolvimento de lesões, mesmo após exclusão de fatores confundidores. Esse resultado não exclui totalmente a associação, pois a presença de mutações assinaturas de A3A são relatadas em células cancerosas, mas sugere que outros genes podem influenciar a malignização cervical. Além disso, a alta variabilidade gênica pela miscigenação da população estudada pode afetar o resultado da associação desse polimorfismo. Esse é o primeiro trabalho que avalia a associação do polimorfismo A3A/B com a infecção pelo HPV e o desenvolvimento de lesões intraepiteliais e do câncer cervical em brasileiras da região sul, sendo indispensável para a caracterização social e genética dessas mulheres.

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Palavras-chave

Papilomavírus humano, Variantes genéticas, Marcadores moleculares, Desaminases APOBEC, Carcinoma cervical, Vírus do papiloma, Polimorfismo (Genética), Colo uterino - Câncer

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