Monitoração não invasiva das ondas de pressão intracraniana em gatos submetidos a dois protocolos anestésicos
Data
2022-06-15
Autores
Bernardes, Giselle de Lima
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Resumo
A pressão intracraniana (PIC) é a pressão exercida dentro do crânio pelos componentes parênquima nervoso, volume sanguíneo e líquido cerebroespinhal. O encéfalo necessita de um suprimento contínuo de oxigênio e nutrientes que o alcançam por meio do fluxo sanguíneo cerebral (FSC). Em um paciente com encéfalo saudável, o FSC é mantido constante por meio de alterações no tônus vasomotor, e este é dependente da pressão arterial de dióxido de carbono (PaCO2) e pressão arterial sistêmica (PAS). Muitos agentes anestésicos causam alterações no FSC e, portanto, têm potencial de causar danos, sendo assim, monitorar a PIC durante a anestesia é importante para avaliar a ação dos fármacos anestésicos sobre o sistema nervoso central (SNC). Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia do Monitor Brain4care® (B4C) na monitoração não invasiva das ondas da PIC (PIC-ni) de gatos saudáveis submetidos a dois protocolos anestésicos para procedimento de orquiectomia eletiva. Para isso, doze gatos foram incluídos e alocados em dois grupos que receberam a mesma medicação pré-anestésica (MPA), dexmedetomidina (10 µg/kg) e morfina (0,2 mg/kg) por via intramuscular (IM). A indução anestésica do Grupo INA (anestesia inalatória) foi realizada com propofol em dose efeito pela via intravenosa (IV) e a manutenção anestésica foi realizada com isofluorano. No Grupo DIS (anestesia dissociativa), a indução foi realizada com diazepan (0,3mg/kg IV) e cetamina (7,5mg/kg IV) e a manutenção anestésica foi realizada com bolus de cetamina. A monitoração das ondas da PIC-ni foi realizada por meio do uso do sensor de deformação do tipo “strain gauge” conectado ao B4C durante 5 minutos em dois momentos, sendo o primeiro momento (M1) realizado imediatamente antes da cirurgia e o segundo momento (M2) logo ao término. Observou-se aumento significativo da razão P2/P1 em M2 no grupo INA (M1: 0,88±0,26 vs M2: 1,23±0,09), já no grupo DIS não houve diferença da razão P2/P1 quanto ao tempo (M1: 1,10±0,17 vs M2: 1,20±0,16). O ETCO2 em M1 e M2 dos felinos do grupo DIS apresentaram maior média quando comparado ao grupo INA (M1: INA 26±3,14 vs DIS 40,4±8,48 e M2: INA 28±2,57 vs DIS 36,2±5,44). A PAS média entre ambos os grupos não apresentou diferença significativa. Sendo assim, foi visto que o monitor B4C foi capaz de detectar as ondas da PIC-ni em gatos. A razão P2/P1 apresentou menor variação com o uso da anestesia dissociativa, mas ambos os protocolos influenciaram negativamente a complacência cerebral. As medidas de concentração de dióxido de carbono expirado (ETCO2) foram diferentes entre os grupos, mas não influenciaram a razão P2/P1, portanto, a alteração da complacência cerebral possivelmente se deu exclusivamente aos efeitos dos fármacos anestésicos inalatórios e dissociativos sobre o SNC
Descrição
Palavras-chave
Complacência intracraniana, Razão P2/P1, Anestesia - Felino, Gato - Pressão intracraniana - Protocolo anestésico