Avaliação da sensibilidade aos antimicrobianos e caracterização molecular de e. coli isoladas de uroculturas de mulheres atendidas em unidades básicas de saúde e pronto atendimento no município de Londrina
Data
2021-01-29
Autores
Tano, Zuleica Naomi
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Resumo
Introdução: A infecção do trato urinário (ITU) é uma das infecções mais comuns de procura ao serviço médico, acometendo milhões de pessoas no mundo todo, sendo a Escherichia coli o principal agente responsável. A resistência aos antimicrobianos tem aumentado expressivamente nos últimos anos, e o perfil de sensibilidade varia de região para região. Os principais antimicrobianos utilizados no tratamento de primeira escolha da ITU são: sulfametoxazol-trimetropim (SMX-TMP), nitrofurantoína, a fosfomicina e as quinolonas, além das cefalosporinas de primeira geração e a amoxicilina-clavulanato como escolha para gestantes. Estudos mostram que a sensibilidade ao SMX-TPM ultrapassa 30% em vários locais do mundo, sendo substituído por alternativas nos guidelines. A presença de bactérias produtoras de betalactamase é muito estudada em ambiente hospitalar, porém sabe-se que essas bactérias alcançaram também as infecções comunitárias, como as ITUs. E. coli Sequency Type (ST)131 e ST648 são responsáveis por ITUs recorrentes e de difícil tratamento com antibióticos de primeira escolha pela alta resistência aos antimicrobianos. A resistência às quinolonas, muito utilizadas em outras infecções, como as respiratórias e abdominais, tem alcançado níveis de alarme em muitos locais, principalmente pelo uso inadequado nas ITUs não complicadas. Objetivo: Caracterizar o perfil de sensibilidade aos antimicrobianos de E. coli de uroculturas de mulheres atendidas em Unidades Básicas de Saúde e de Pronto Atendimento no município de Londrina. Caracterizar os mecanismos moleculares de resistência de isolados resistentes à ciprofloxacina, norfloxacina e ácido nalidíxico e aos ß-lactâmicos, além de conhecer os sorogrupos, ST e a classificação filogenética das amostras resistentes às quinolonas. Metodologia: Foram estudadas as uroculturas realizadas pelo Laboratório Central da Prefeitura (Centrolab) de mulheres atendidas nas Unidades Básicas de Saúde e Pronto Atendimento do município de Londrina, de junho de 2016 a maio de 2017. As culturas positivas foram selecionadas para avaliação no Laboratório do Hospital Universitário. A identificação dos isolados e os testes de sensibilidade a antimicrobianos foram processados pelo Sistema Automatizado VITEK® 2 (bioMérieux). As amostras foram sequenciadas utilizando-se o kit Nextera® XT Sample Preparation (Illumina), no equipamento MiSeq® System (Illumina), pela plataforma NextSeq (Illumina). A classificação filogenética foi executada por PCR. Resultados: No período foram realizadas 56.555 uroculturas, das quais 8.832 foram positivas para E. coli, sendo 5.377 de mulheres. Dessas amostras, 4,7% eram enterobactérias produtoras de betalactamases de espectro estendido (ESBL) e 15,5% resistentes às quinolonas. O SMX-TMP se mostrou resistente em mais de 30% das amostras em todas as faixas etárias dos pacientes. Entre os isolados resistentes às quinolonas, também a resistência à cefalotina, ampicilina e sulfametoxazol-trimetoprim foi maior que 60%. Somente a nitrofurantoína apresentou resultados superiores a 90% de sensibilidade. Nas 33 amostras selecionadas de E. coli para a realização do sequenciamento, obteve-se os seguintes resultados: o ST131”serotype”O25:H4 (n=8) e o ST648”serotype” 01:H6 (n=6) foram os mais frequentes, o gene blaCTX M15 foi o mais encontrado. As mutações nas regiões Gyr A e ParC (QRDR) e o gene aca(6´)-ib-cr na resistência à quinolona mediada por plasmídio (PMQR) foram os mecanismos mais frequentes, produzindo resistência às quinolonas. O grupo filogenético B2 foi o mais encontrado com 54,5% (n=18), seguido pelo grupo B19% (n=3); o grupo não identificado foi responsável por 12,1% (n=4) e os grupos A, C, E e F foram responsáveis por 6,1%. Entre as 33 amostras estudadas, todas tinham pelo menos um fator de virulência, sendo os mais frequentes o iss (n=24), seguido pelo pfA (n=17), gag (n=16), iha (n=12), eilA (n=11) e air (n=10). Conclusão: O SMX-TMP apresentou resistência superior a 30% e a nitrofurantoína manteve altas taxas de sensibilidade, maiores do que 90%. A maioria dos isolados apresentava mutações nas regiões gyrA e parC (QRDR) e os genes aca(6´)-ib-cr e blaCTX M15, pertenciam ao grupo filogenético B2, aos ST131 e ST648 de grande importância epidemiológica, presentes em ITU na comunidade de Londrina. A combinação de genes de resistência a quinolonas associada a genes ESBL diminui o arsenal de antimicrobianos a serem usados em infecções urinárias não complicadas, principalmente na comunidade. Demonstra, assim, a necessidade de estabelecer sistemas de monitoramento locais e nacionais da resistência antimicrobiana no Brasil para fornecer dados às diretrizes de tratamento de ITU na comunidade.
Descrição
Palavras-chave
Infecção do trato urinário, Bacteriúria, Resistência, Escherichia coli, Uropatogênica, Infecção urinária, Infecção urinária - Tratamento, E. coli - Caracterização, Quinolomas - Resistência