Uso da escala Borg dispneia para identificar hiperinsuflação dinâmica durante o TC6min em indivíduos com DPOC estável moderada a grave
Data
2022-06-20
Autores
Freitas, Ana Paula Vicentin Melendi de
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Resumo
Introdução: A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma das principais causas de morbimortalidade no mundo, e cursa com sintomas pulmonares e extrapulmonares. A dispneia é o principal sintoma pulmonar da doença e um preditor independente de mortalidade. A literatura mostra que a hiperinsuflação dinâmica (HD) pode ser um dos principais determinantes da dispneia e sua avaliação pode contribuir para o melhor gerenciamento da doença. No entanto, métodos atuais para identificação de hiperinsufladores necessitam de equipamento espirométrico adequado e profissionais muito bem treinados, o que muitas vezes se mostra de difícil acesso na prática clínica. Levando em conta a relação entre HD e dispneia, seria de grande valia clínica desenvolver um método mais simples e acessível (e.g., utilizando a escala de Borg dispneia) que identificasse hiperinsufladores durante o esforço. Objetivos: Encontrar um ponto de corte para escala de Borg dispneia (BORG-D) avaliada durante o TC6min, que identifique indivíduos com DPOC (homens e/ou mulheres) que hiperinsuflam durante o esforço; e comparar os desfechos clínicos (i.e., antropométricos, de função pulmonar e capacidade de exercício) dos homens e mulheres, a fim de identificar diferenças entre eles. Métodos: Este estudo transversal foi desenvolvido com uma sub-análise de dados retrospectivos coletados previamente para um estudo desenvolvido no Laboratório de Pesquisa em Fisioterapia Pulmonar da Universidade Estadual de Londrina. Indivíduos com DPOC foram avaliados quanto à função pulmonar (espirometria e pletismografia), capacidade de exercício (teste de caminhada de seis minutos [TC6min]), dispneia durante o TC6min por meio da BORG-D e HD (manobras seriadas de capacidade inspiratória [CI]) realizadas durante o TC6min). HD foi definida quando houvesse redução pós-6MWT da CI = 150 ml ou 10% em relação ao pré-test (repouso). O ponto de corte foi determinado pela área sob a curva (AUC) da curva característica de operação do receptor (ROC). Diferenças entre os sexos foram analisadas por testes paramétricos, não-paramétricos e qui-quadrado, de acordo com a natureza da variável e a normalidade na distribuição dos dados. Resultados: 24 indivíduos com DPOC (67±7 anos; VEF1 56±18 %previsto), sendo que 18 deles (i.e., 75% da amostra) apresentaram HD durante o TC6min. Quando comparados, homens (n=13) e mulheres (n=11) da amostra apresentaram diferença de idade (69±5 vs 64±7 anos, respectivamente), VEF1 (47±14 vs 64±17 %predito), hiperinsuflação estática (índice VR/CPT 53±6 vs 46±7) e variação pós-pré da saturação periférica de oxigênio (-6±3 vs -2±3%) (P <0,05 para todas). O ponto de corte para a variação pós-pré TC6min da escala de BORG-D foi de 2,75 pontos para homens (AUC: 0,84; sensibilidade: 81%; especificidade: 100%). Não foi encontrado um ponto de corte estatisticamente satisfatório para mulheres. Conclusão: Uma variação =2,75 (ou 3) pontos na escala BORG-D no pós-pré TC6min é capaz de identificar homens com DPOC moderada-grave que hiperinsuflam durante o teste. Não houve ponto de corte satisfatório para as mulheres, embora o grupo feminino apresentasse doença mais leve. Novos estudos poderão investigar um ponto de corte para mulheres com doença moderada-grave, assim como identificado nos homens.
Descrição
Palavras-chave
Doença pulmonar obstrutiva crônica, Dispnea, Hiperinsuflação dinâmica, Ponto de corte