Modulação farmacológica da hiperalgesia e inflamação desencadeadas pela peçonha do escorpião Rhopalurus rochai na pata de camundongos

Data

2021-06-14

Autores

Battocchio, Eduardo Coló

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Resumo

O escorpionismo é um problema de saúde pública no mundo, sendo a família Buthidae a mais relevante nos aspectos clínicos. No Brasil, é o acidente envolvendo animais peçonhentos com maior número de casos registrados. Dentre os representantes da nossa escorpiofauna, o Tityus serrulatus é o escorpião envolvido na maioria dos acidentes moderados a graves, sendo também o mais estudado. Porém, outros representantes da família Buthidae no Brasil, como o Rhopalurus rochai, são ainda pouco estudados. O principal sintoma observado nos acidentes escorpiônicos é a dor, tema pouco explorado, até o momento, no campo de pesquisa. O envolvimento de mediadores inflamatórios na dor e hiperalgesia vem sendo relatado em estudos, tanto direta como indiretamente, sendo que em relação aos estudos induzidos por peçonhas escorpiônicas e fazendo tal associação, a quantidade de trabalhos é escassa. Outros parâmetros da inflamação recorrentes em acidentes escorpiônicos, como o edema e o recrutamento de neutrófilos também foram avaliados, sendo resultados inéditos aqui apresentados para o Rhopalurus rochai. O objetivo desse trabalho foi avaliar os potenciais fisiopatológicos da peçonha de Rhopalurus rochai (pRr), assim como a participação do NF- B, TNF- COX, histamina e NO na hiperalgesia mecânica, edema e recrutamento de neutrófilos na pata. Foram utilizados camundongos Swiss machos e fêmeas (20 a 25g). A pRr liofilizada foi diluída em NaCl 0,9% no momento do uso e injetada i.pl. (20 L). Foram utilizados os fármacos PDTC (inibidor de NF- B; 100mg/kg, 100 L, sc., 1h antes do estímulo); etanercepte (bloqueador de TNF- ; 10mg/kg, 200 L, ip., 48h e 1h antes do estímulo); dexametasona (anti-inflamatório esteroidal; 2 mg/kg, 10 L por gavagem, 1h antes do estímulo); indometacina (inibidor não-seletivo de COX; 5mg/kg, 200 L, ip., 40 minutos antes do estímulo); celecoxibe (inibidor seletivo de COX-2, 30mg/kg, ip., 1h antes do estímulo); pirilamina (agonista inverso do receptor H1, 6mg/kg, ip., 30 minutos antes do estímulo); L-NAME (inibidor não-seletivo de NO-sintase, 10mg/kg, ip., 30 minutos antes do estímulo). A hiperalgesia mecânica utilizando o método de von Frey (versão eletrônica) e o edema, utilizando um medidor de espessura, foram avaliados nos tempos de 0,5h, 1h, 3h e 6h após estímulo. Os tecidos plantares foram coletados 3 horas após o estímulo para a dosagem de MPO, utilizada como indicador indireto de recrutamento de neutrófilos. Das doses utilizadas da pRr (0,2, 0,6 e 2,4 g/pata) para avaliar a hiperalgesia mecânica, a de 2,4 g/pata induziu maior intensidade de hiperalgesia mecânica, e edema, tendo sido a escolhida para os experimentos subsequentes. A produção de IL-1 e TNF- foi avaliada pelo método de ELISA, com a concentração de ambas atingindo o pico após 3h do estímulo. O tratamento com PDTC, dexametasona, etanercepte, indometacina e celecoxibe diminuiu a hiperalgesia mecânica e o edema. O tratamento com PDTC, dexametasona e celecoxibe diminuíram o recrutamento de neutrófilos. O presente estudo conclui que a pRr foi capaz de induzir hiperalgesia mecânica, edema, produção de IL-1 e TNF- , e recrutamento de neutrófilos em pata de camundongos e, que o NF- B, TNF- , COX têm participação na hiperalgesia mecânica e edema, enquanto, NF- B, COX-2 têm participação no recrutamento de neutrófilos.

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Palavras-chave

Dor, Edema, Citocinas, Leucócitos, Escorpião, Inflamação

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