"No caos ninguém é cidadão" : uma análise sobre o poder simbólico da Polícia Militar na região de Vitória/ES

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Resumo: A avaliação do público sobre a polícia tem crescentemente despertado a atenção dos cientistas sociais de todo o mundo, uma vez que compreender os termos de sua aceitação perante o público é essencial para as agências fornecerem um serviço policial efetivo Entretanto, ainda sabemos pouco sobre as percepções sociais e o valor cultural da polícia no Brasil O objetivo deste trabalho é analisar a representação popular sobre a Polícia Militar, responsável pelo policiamento ostensivo no Brasil, de modo a compreender como é assimilada e expressada por seu público É realizado um estudo de caso com os moradores de Vitória/ES e região, que vivenciaram recentemente a ausência da Polícia Militar durante o período em que ocorreu um movimento paredista no Espírito Santo Na expectativa de dar voz a diferentes perspectivas sobre a polícia no interior da mesma região, os entrevistados foram escolhidos a partir de tipos ideais de moradores, segundo as variáveis de renda média mensal, exposição a eventos criminais e condições socioespaciais Como os moradores de diferentes regiões e sociabilidades assimilam e avaliam a Polícia Militar do Espírito Santo (PMES)? Através de quais estruturas ideológicas a PMES é expressada por seu público? A hipótese é que os entrevistados de estrato socioeconômico superior avaliem a polícia prioritariamente sob estruturas morais/expressivas, uma vez que a posição privilegiada no espaço urbano e o poder de contratar os serviços e tecnologias de segurança privada lhe garantem a proteção imediata no cotidiano Em contraposição, os entrevistados de estrato socioeconômico inferior – moradores de áreas degradadas e deficitárias na mobilidade urbana e assistência dos aparelhos públicos – também avaliam a polícia em termos morais/expressivos, mas sob maior desconfiança e percepção de injustiça, visto a convivência com problemas como corrupção policial, violência urbana, enfrentamentos entre polícia e tráfico, abusos de autoridade, etc O estrato socioeconômico médio tenderia a avaliar a polícia sob os parâmetros de efetividade de seus serviços, a despeito de avaliações expressivas/morais Os resultados apontam que a hipótese foi, em grande medida, corroborada pelos dados Em resumo, os entrevistados de estrato socioeconômico inferior compreendem a PMES como uma instituição opressiva e distante, cujo papel se resume à proteção das áreas que concentram capital econômico (comércio e bairros elitizados) O estrato socioeconômico médio apresentou discursos igualmente expressivos/morais, embora tenham expressado também uma maior importância dos encontros cidadão-polícia para a avaliação da instituição, o que se aproxima da hipótese traçada No estrato socioeconômico superior, a PMES é vista principalmente sob leituras patrimonialistas, simbolizando o controle e redução das populações periféricas, vistas como produtoras de violência e cuja presença é temida nos espaços elitizados A análise indica que o poder simbólico da Polícia Militar do Espírito Santo se expressa através dos signos do privilégio de classe, da segregação socioespacial e da guerra ao crime/lei e ordem

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Palavras-chave

Polícia militar, Simbolismo, Polícia, Conceito, Poder (Ciências sociais), Military police, Symbolism, Concept, Power (Social sciences), Policemen, Strikes and lockouts, Police

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