A polifonia em A cidade e as serras : uma relação semântica
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Baraldo, Cecília Contani
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Resumo
Resumo: Este trabalho estuda os recursos argumentativos e as potencialidades semântico-discursivas projetadas pela obra A cidade e as serras, de Eça de Queirós A base teórica focaliza o discurso como fonte de significação e de persuasão Construído em uma estrutura polifônica com dois protagonistas, o romance contém, na mescla de vozes articulada na interação entre ambos, uma marcante discussão sobre a vida com e sem desenvolvimento tecnológico, e sobre a felicidade no cotidiano do campo e na metrópole A relação sentido/contrassentido é lançada para, em conjugação com os conceitos de polifonia discutidos por Mikhail Bakhtin em Problemas da poética de Dostoiévski e por Oswald Ducrot nos aportes da semântica argumentativa, funcionar no papel de recolher traços do discurso que não se anulem por simples oposição, mas que preservem a divergência que, por nunca ser total, ao mesmo tempo em que é contrastante, é também complementar A inferência sobre o valor da argumentação é sustentada, em grande parte, pelo uso do discurso indireto, mecanismo que colabora na progressão da narrativa As análises, assim apoiadas, permitem extrair a compreensão sobre os sentidos projetados na crítica de costumes, em que se destaca a dupla leitura das alternâncias positivo-negativo, empolgação-indiferença; afeto-rejeição e outras complementaridades que tornam inescapável, integrar-se com a voz que as veicula As relações semânticas daí surgidas recriam contextos de fala que imergem o leitor e o convencem a acompanhar uma crítica solidamente fundamentada por um autor que se notabilizou pelo alto poder de seus textos de ensinar a respeito dos hábitos e dos costumes de uma época
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Palavras-chave
Ficção portuguesa, História e crítica, Contrassentido, Semântica argumentativa, History and criticism, Argumentative semantics, Portuguese fiction