Avaliação do estresse oxidativo e fatores de risco cardiovascular em pacientes com esclerose múltipla

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Resumo: Esclerose múltipla (EM) é uma doença desmielinizante, imuno-mediada, caracterizada por processo inflamatório crônico que afeta o sistema nervoso central e o estresse oxidativo têm sido implicado na patogênese da doença Além disso, alterações metabólicas foram observadas em pacientes com EM como dislipidemia, hipertensão e resistência à insulina (RI), considerados importantes fatores de risco cardiovascular O objetivo deste trabalho foi avaliar o estresse oxidativo, fatores de risco cardiovascular e mediatores inflamatórios em pacientes com EM e verificar a correlação entre estes marcadores e a progressão da doença Foram avaliados 134 pacientes com EM atendidos no Ambulatório de Neurologia do Ambulatório do Hospital de Clínicas, Londrina, Paraná, Região Sul do Brasil A gravidade da EM foi avaliada pela Escala Expandida do Estado de Incapacidade (EDSS) O grupo controle foi composto por 196 indivíduos saudáveis, doadores de sangue do Hemocentro Regional de Londrina Em todos os indivíduos, os parâmetros idade, gênero, etnia, tabagismo e índice de massa corporal (IMC) foram controlados O estresse oxidativo foi avaliado pela formação de hidroperóxidos lipídicos iniciada por t-butil, dosagem de proteínas carbonílicas, determinação dos metabólitos do óxido nítrico (NOx), dosagem do grupamento sulfidrila de proteínas e capacidade antioxidante total do plasma (TRAP) Os marcadores bioquímicos avaliados foram os níveis séricos de ácido úrico, colesterol total, lipoproteína de baixa densidade (LDL), lipoproteina de alta densidade (HDL), triglicerídeos, níveis plasmáticos de glicose e insulina A RI foi avaliada pelo índice homeostasis model assessment (HOMA), sendo detectada quando HOMA-IR = 2,5 Níveis séricos das citocinas inflamatórias fator de necrose tumoral alfa (TNF-?), interleucina 6 (IL-6), interleucina 17 (IL-17) e interferon gama (IFN-?) foram determinados por enzimaimunoensaio Pacientes com EM apresentaram níveis plasmáticos aumentados de hidroperóxidos lipídicos (p<,1), proteínas carbonílicas (p=,217) e diminuídos de NOx (p<,1), grupamento sulfidrila de proteínas (p=,4) e TRAP (p=,1) quando comparados com o grupo controle Uma correlação positiva foi obtida entre os níveis plasmáticos de hidroperóxidos lipídicos e os valores de EDSS (r=,212, P=,14) e entre proteínas carbonílicas e EDSS (r=,221, p=,35) Os níveis séricos de ácido úrico não diferiram entre os grupos (p=,115) Pacientes com EM mostraram níveis séricos elevados de colesterol total (p=,5), LDL-colesterol (p=,3), triglicerídeos (p=,3) e diminuídos de HDL-colesterol (p=,38) comparados ao grupo controle Níveis plasmáticos de glicose não diferiram entre os indivíduos (p=,426); entretanto, pacientes com EM apresentaram níveis mais elevados de insulina (p<,1), HOMA-IR (p<,1) do que os controles, além de uma frequência de RI de 2,8 vezes maior nos pacientes com EM que no grupo controle (odds ratio: 2,781; intervalo de confiança de 95%: 1,723-4,81, p<,1) Pacientes com EM também apresentaram aumento da pressão arterial diastólica (p=5) e dos níveis séricos das citocinas IL-6, IL-17 e IFN-? (p=,9, p=,377, p=,379, respectivamente) em relação aos controles Os resultados sugerem o envolvimento do processo inflamatório crônico mediado pelas citocinas inflamatórias e do estresse oxidativo na fisiopatologia de progressão da EM Estas alterações imunológicas e metabólicas, podem explicar, em parte, a maior prevalência de RI e aumento do risco cardiovascular nestes pacientes Futuras pesquisas são necessárias para confirmar o envolvimento do estresse oxidativo na doença e considerar este componente fisiopatológico como possível alvo terapêutico no tratamento de pacientes com EM As alterações metabólicas observadas reforçam a importância da monitorização destes marcadores metabólicos em pacientes com EM, para prevenir e/ou tratar futuras comorbidades cardiovasculares que podem estar relacionadas à progressão da doença Além disto, aponta para a necessidade de desenvolvimento de pesquisas para identificação de novos biomarcadores que se correlacionem com a atividade e progressão da doença

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Palavras-chave

Esclerose múltipla, Estresse oxidativo, Resistência à insulina, Inflamação, Citocinas, Multiple sclerosis, Oxidative stress

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