Uma crítica comportamentalista radical ao conceito de justiça social de John Rawls

dc.contributor.advisorMelo, Camila Muchon de
dc.contributor.authorFerreira, Mariana Carolina Batista
dc.contributor.bancaVersoza-Carvalhal, Cassiana Stersa
dc.contributor.bancaCastro, Marina Souto Lopes Bezerra de
dc.contributor.bancaDittrich, Alexandre
dc.contributor.bancaLopes, Carlos Eduardo
dc.contributor.coadvisorFernandes, Diego Mansano
dc.coverage.extent275 p.
dc.coverage.spatialLondrina
dc.date.accessioned2025-05-27T13:35:31Z
dc.date.available2025-05-27T13:35:31Z
dc.date.issued2024-09-29
dc.description.abstractEm seus escritos, Skinner se dedicou à análise das contingências sociais que modelam e mantêm os principais discursos que legitimam as técnicas de controle das democracias ocidentais. Entre essas narrativas, o autor dialogou indiretamente com o modelo liberal-igualitário de justiça social proposto pelo filósofo político John Rawls. Este estudo examinou o referido modelo de justiça a partir da perspectiva do comportamentalismo radical skinneriano. Para isso, a presente investigação foi conduzida em duas etapas. Na primeira etapa, foi realizado um mapeamento do termo justiça nos textos de Skinner, que contemplou a busca do radical justi em 12 obras digitalizadas em língua original, com vistas a delinear a análise do referido termo. Posteriormente, a fim de caracterizar as contingências estruturais prescritas nos modelos societários de Skinner e Rawls à luz dos elementos constitutivos da justiça, uma análise de suas respectivas obras Walden Two e A Theory of Justice foi conduzida. Os livros Science and Human Behavior, Beyond Freedom and Dignity e Reflections on Behaviorism and Society foram utilizados como fontes secundárias para esclarecimentos sobre a análise skinneriana da justiça, uma vez que Walden Two é uma obra ficcional. De maneira geral, nas referidas obras, o termo justiça esteve relacionado à eficácia da agência governamental quanto à solução das desigualdades. Pontos de contato foram identificados entre os autores quanto à adoção de uma perspectiva distributiva com base na alteridade, mesmo que implicitamente, no caso de Skinner. Ambos sugerem que os indivíduos devem ser alvo da distribuição de bens sociais e consideraram que o desenvolvimento específico de cada pessoa está diretamente relacionado à coesão social. No entanto, diferenças foram identificadas quanto ao diagnóstico e as propostas de enfrentamento das desigualdades, produto da divergência na acepção de bem adotada por cada autor, com uma saída individualista, no caso da proposta rawlsiana, e uma possível prioridade do coletivo, no caso de Skinner (sobrevivência da humanidade). Rawls concebeu a desigualdade como uma característica inerente e inevitável da estrutura social e defendeu sua regulação para promover equidade de oportunidades e reduzir disparidades econômicas, sem comprometer as liberdades individuais, incluindo o direito à propriedade. Skinner, por outro lado, identificou as desigualdades como resultado da distribuição desigual de riqueza e poder e parece ter exortado sua audiência em prol de uma abordagem integrada da igualdade social e econômica para uma sociedade justa, o que requer um investimento na construção de práticas sociais que visem a socialização do controle econômico. Isso porque, a estruturação de práticas reformistas tende a contribuir para o obscurecimento das contingências que perpetuam a exploração e a opressão e, consequentemente, sustentam o status quo, ao focar nos efeitos, mas não nas contingências sociais que produzem as desigualdades, mesmo que esse não seja o resultado esperado e mesmo desejável da prática. É possível admitir à luz dos argumentos skinnerianos que o discurso tradicional de justiça acaba por favorecer os interesses daqueles que detêm o poder, i.e., aqueles que dispõem do controle econômico e, por conseguinte, exercem dominação social, pois controlam a maioria dos bens necessários para o exercício de uma vida digna. Assim, a luta pela justiça social deve ser entendida como uma luta pela transformação radical das estruturas sociais, i.e., pela construção de práticas alternativas ao modelo capitalista. Por fim, destaca-se que esta é uma interpretação possível entre tantas outras na arena política para pensar as contribuições do comportamentalismo radical ao debate sobre questões de igualdade.
dc.description.abstractother1In his writings, Skinner dedicated himself to analyzing the social contingencies that shape and sustain the main discourses legitimizing control techniques in Western democracies. Among these narratives, he indirectly engaged with the liberal-egalitarian model of social justice proposed by political philosopher John Rawls. This study examined Rawls’s model of justice from the perspective of Skinnerian radical behaviorism. To achieve this, the research was conducted in two stages. In the first stage, a mapping of the term justice in Skinner’s texts was carried out, involving a search for the radical justi in 12 digitized works in their original language, aiming to outline the analysis of the term. Subsequently, to characterize the structural contingencies prescribed in the societal models of Skinner and Rawls in light of the constitutive elements of justice, an analysis of their respective works Walden Two and A Theory of Justice was conducted. The books Science and Human Behavior, Beyond Freedom and Dignity, and Reflections on Behaviorism and Society were used as secondary sources to clarify Skinner’s analysis of justice, given that Walden Two is a fictional work. Overall, in the aforementioned works, the term justice was related to the effectiveness of governmental agency in addressing inequalities. Points of convergence were identified between the authors regarding the adoption of a distributive perspective based on alterity, even if only implicitly in Skinner’s case. Both suggested that individuals should be the target of the distribution of social goods and considered that each person’s specific development is directly linked to social cohesion. However, differences emerged regarding the diagnosis and proposed approaches to addressing inequalities, stemming from the divergence in each author’s conception of the good: Rawls's approach was individualistic, whereas Skinner’s perspective emphasized collective priorities (the survival of humanity). Rawls recognized inequality as inherent to the social structure and advocated for its regulation to promote equal opportunities and reduce economic disparities without compromising individual freedoms, including the right to property. Skinner, on the other hand, identified inequalities as the result of the unequal distribution of wealth and power and seemed to urge his audience toward an integrated approach to social and economic equality for a just society, which requires investment in the development of social practices aimed at the socialization of economic control. This is because reformist practices tend to obscure the contingencies that perpetuate exploitation and oppression, thereby sustaining the status quo by focusing on the effects rather than the social contingencies that produce inequalities—despite this not being the intended or even desirable outcome of such practices. In light of Skinnerian arguments, it is possible to argue that the traditional discourse on justice ultimately benefits those who hold power—i.e., those who control economic resources and, consequently, exercise social domination, as they control most of the goods necessary for a dignified life. Thus, the struggle for social justice must be understood as a struggle for the radical transformation of social structures—that is, for the construction of alternative practices to the capitalist model. Finally, it is important to highlight that this is just one possible interpretation among many in the political arena for considering the contributions of radical behaviorism to the debate on issues of equality.
dc.identifier.urihttps://repositorio.uel.br/handle/123456789/18833
dc.language.isopor
dc.relation.departamentCCB - Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento
dc.relation.institutionnameUniversidade Estadual de Londrina - UEL
dc.relation.ppgnamePrograma de Pós-Graduação em Análise do Comportamento
dc.subjectJustiça social
dc.subjectOcultamento da desigualdade
dc.subjectComportamentalismo radical
dc.subjectTransformação social
dc.subject.capesCiências Humanas - Psicologia
dc.subject.cnpqCiências Humanas - Psicologia
dc.subject.keywordsSocial justice
dc.subject.keywordsConcealing inequality
dc.subject.keywordsRadical behaviorism
dc.subject.keywordsSocial transformation
dc.titleUma crítica comportamentalista radical ao conceito de justiça social de John Rawls
dc.title.alternativeA radical behaviorist critique of John Rawls' concept of social justice
dc.typeTese
dcterms.educationLevelDoutorado
dcterms.provenanceCentro de Ciências Biológicas

Arquivos

Pacote Original
Agora exibindo 1 - 2 de 2
Carregando...
Imagem de Miniatura
Nome:
CH_ANC_Dr_2024_Ferreira_Mariana_CB.pdf
Tamanho:
1.54 MB
Formato:
Adobe Portable Document Format
Descrição:
Texto Completo. Id. 193649
Nenhuma Miniatura disponível
Nome:
CH_ANC_Dr_2024_Ferreira_Mariana_CB_Termo.pdf
Tamanho:
154.09 KB
Formato:
Adobe Portable Document Format
Descrição:
Termo de Autorização.
Licença do Pacote
Agora exibindo 1 - 1 de 1
Nenhuma Miniatura disponível
Nome:
license.txt
Tamanho:
555 B
Formato:
Item-specific license agreed to upon submission
Descrição: