Neospora caninum: prevalência e cinética de anticorpos IgG em bovinos de leite
Data
2022-05-19
Autores
Bernardes, Juliana Correa
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Resumo
Doenças que causam abortamento em vacas leiteiras refletem em grandes perdas reprodutivas e econômicas. No caso da neosporose, causada pelo protozoário N. caninum, os índices produtivos são preocupantes por se tratar: de uma infecção negligenciada por grande parte dos técnicos e produtores; não existe vacina; há muitas lacunas a respeito da patogenia e suas interações imunológicas. O presente trabalho, divididos em duas fases (artigo A e B), teve como objetivos determinar a prevalência de anticorpos anti-N. caninum e avaliar a ocorrência de fatores associados ao risco de soropositividade em propriedades rurais situadas na região Oeste-noroeste do estado de São Paulo; acompanhar a cinética de IgG anti-N. caninum em matrizes e suas progênies; calcular a taxa de transmissão transplacentária de N. caninum durante três gerações; analisar fatores de risco para soropositividade para N. caninum. No experimento 1 foram coletadas amostras de sangue de todos os bovinos leiteiros de 10 propriedades rurais totalizando em 653 animais. As coletas foram realizadas entre março de 2019 a dezembro de 2021. Inicialmente, foi utilizado a reação de imunofluorescência indireta (RIFI) para a pesquisa de anticorpos IgG contra os parasitas N. caninum e Toxoplasma gondii. A soroprevalência de N. caninum e T. gondii nos animais testados foi de 41,7% (272/653) e 11,5% (75/653), respectivamente. Os resultados da sorologia foram associados aos dados epidemiológicos das propriedades por meio de regressão logística baseada nos valores medianos dos títulos de anticorpos. Observou-se associação significativa entre a ocorrência sérica de IgG ant-N. caninum com raça, suplementação de bezerros, introdução de animais com problemas reprodutivos no rebanho e período de gestação. Já a baixa soroprevalência para T. gondii no rebanho pode ser explicada pela resistência da espécie bovina ao parasita. No experimento 2 dos 653 animais coletados na primeira fase do experimento, 152 eram vacas prenhas e seguiram no acompanhamento 37 matrizes (primeira geração) que pariram progênies fêmeas (segunda geração – P1), cujo a primeira coleta de sangue ocorreu desde o nascimento, antes da ingestão do colostro até o último terço gestacional e por fim, suas progênies (terceira geração – P2). A partir da RIFI anti-N. caninum, notou-se que 48,6% (18/37) das matrizes das bezerras eram sororreagentes para N. caninum. Foi observado um risco adicional de 88,9% de ocorrência de anticorpos anti-N. caninum em progênie 1 (P1) que nasceram de matrizes sororreagentes (p<0,001), sendo que das transmissões oriundas de infecção pré-natal, 100,0% (3/3) das progênies 2 (P2) permaneceram reagentes antes da ingestão do colostro. Já em relação ao grupo de bezerras não reagentes, foi observado a partir do acompanhamento de coorte a inversão de sorológica, nas quais, 26,3% (5/19) positivaram para N. caninum aos três meses; e 60,0% (6/10) aos seis meses da segunda geração (P1). Em relação a comparação dos títulos de anticorpos IgG nos indivíduos da P1, observou-se que as bezerras nascidas de matrizes sororreagentes apresentaram maiores títulos nas fases antes do colostro (p= 0,0002) e aos 90 dias de vida (p=0,0474). A N. caninum está amplamente disseminada na região estudada. Ao considerar que matrizes soropositivas no terço final de gestação apresentam uma maior possibilidade de gerar progênies positivas, as demonstrações entre transmissão vertical e horizontal do presente estudo indicam a necessidade de mais estudos epidemiológicos sobre N. caninum nos rebanhos leiteiros.
Descrição
Palavras-chave
Neoporose, Aborto, Bovinos de leite, Acompanhamento cronológico, São Paulo