Interação no contexto forense : linguagem e argumentação no gênero interrogatório

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Curti, Josyelle Bonfante

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Resumo

Resumo: Uma vez que o homicídio possui significados, analisar os discursos dele provenientes, como aqueles proferidos no gênero interrogatório, é tarefa imprescindível para que o crime seja compreendido e possivelmente solucionado e que o réu receba a adequada sentença Visto que estamos circundados por palavras e é na linguagem que se estabelece a interação, no âmbito forense não poderia ser diferente, porém, além do bom uso da língua dos advogados e dos magistrados, a linguagem do réu e o modo como ele opera escolhas linguísticas, almejando determinados resultados, é ainda mais fundamental na condução e na conclusão dos processos penais, pois, aqui, a língua se torna evidência Sabendo que a criminalidade vem crescendo, tentar compreender esse fenômeno por meio da linguagem é uma forma de entender, além da maneira como o homem se comporta, ainda, como a língua funciona em diferentes contextos, já que a argumentação está presente em todo e qualquer discurso e é intenção/recurso nítido no âmbito judiciário, principalmente para os interrogados, posto que o interrogatório é o momento de esclarecimento dos fatos e de garantia dos direitos de fala Se o homicídio é o crime maior, a extirpação da vida humana, o interrogatório, como texto do gênero argumentativo da esfera jurídica/forense, é, ao mesmo tempo, meio de prova e meio de defesa, permitindo ao réu explicar seu ponto de vista ao passo que o juiz colhe dados para seu convencimento na definição de uma sentença Assim, com o objetivo geral de refletir sobre os recursos argumentativos empregados em depoimentos de réus julgados por homicídio e de que modo isso se concretiza, baseamo-nos nos princípios teóricos da Semântica Argumentativa e da Análise do Discurso pra conduzir as análises Valendo-nos de uma metodologia de cunho bibliográfico e caráter descritivo-analítico, guiamo-nos pela questão: Quais recursos argumentativos são utilizados pelos réus e que efeitos essa argumentação produz na resolução de crimes e na aplicação de sentenças? Para tanto, o córpus se constitui de interrogatórios de réus julgados por homicídio fornecidos pela 1ª Vara Criminal do Fórum Criminal de Londrina-PR Podemos depreender, então, que todo discurso é argumentativo justamente porque a linguagem é uma forma de ação sobre o outro Desse modo, nos casos analisados, percebemos que, a partir do uso de operadores argumentativos, especialmente de dêiticos e de advérbios de negação, em ambos os casos analisados a argumentação foi utilizada principalmente em nome do ethos e do pathos, com a finalidade de despertar no auditório uma reação à ação discursiva dos réus, como a atenuação da condenação ou a absolvição Portanto, enquanto no Caso 1 percebemos que os argumentos foram empregados rumo a uma atenuação da culpa do réu, no Caso 2 foram empregados rumo a um reconhecimento de inocência

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Palavras-chave

Linguística, Ethos, Interrogatórios, Homicídio, Linguistics, Interrogatories, Homicide

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