Virando outro : uma leitura de A queda do céu a partir da antropofagia

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Martins, Thaís Artoni

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Resumo: Esta pesquisa se constrói com o objetivo de estabelecer uma possibilidade de leitura da obra A queda do céu: palavras de um xamã yanomami (21) como práxis da Weltanschauung ou cosmovisão poético-filosófica Antropofágica, conforme proposta por Oswald de Andrade Oswald, tendo nascido no final do século XIX e vivido até meados do século XX, foi um dos expoentes do Modernismo no Brasil Bastante envolvido e interessado pelas vanguardas da época, Oswald encontra no chamado “primitivismo” algumas bases para a constituição de sua obra e do que viria a se tornar a Antropofagia Ao contrário das vanguardas europeias, Andrade não vê o primitivismo como algo “externo”, mas sim como algo próprio, nosso, constituinte da nossa história e que foi apagado pelo processo de colonização Assim, ele propõe um movimento de “reabilitação do primitivo”, que ocorreria através da prática da Antropofagia, ou seja, da deglutição dos valores do outro, do olhar voltado à alteridade, de releitura de um “passado” apagado (a partir do ponto de vista dos que foram silenciados) para reconstrução do tempo presente Anos mais tarde, no final do século XX, o líder indígena e xamã yanomami Davi Kopenawa e o seu amigo e antropólogo marroquino Bruce Albert, motivados por um senso de urgência diante da exploração ilegal da floresta amazônica, iniciam a escrita do que mais tarde (2 anos mais tarde) seria conhecido como A queda do céu Este livro de gênero único (testemunho autobiográfico, profecia xamânica, manifesto contra a destruição da floresta, livro de relatos yanomami, contra-antropologia, entre outras possíveis leituras) reúne uma série de narrativas contadas por Kopenawa em idioma yanomami e traduzidas, transcritas/escritas e estruturadas por Albert, num movimento de construção conjunta entre o indígena e o branco em prol da leitura (por parte do branco) do conhecimento e do ponto de vista yanomami Percebemos, nas narrativas contadas e no exercício de criação da própria obra, aproximações com o que Oswald pensou enquanto Antropofagia Para fazer esta leitura, tomamos como guia central os dois ensaios mais completos e mais maduros do modernista: “A Crise da Filosofia Messiânica” (195) e “A Marcha das Utopias” (1953) Assim, propomos a Antropofagia enquanto enlace teórico-poético de leitura do mundo e, nesse sentido, relacionamos a prática antropofágica (a partir da poesia, da narração e do compartilhamento) a (i) o mundo atual e às lutas e desafios que o concernem e (ii) a outros campos do conhecimento

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Palavras-chave

Antropofagia (Movimento literário), Antropofagia (Literary movement)

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