Uso do monitor Brain4care BCMM/2000 na avaliação das ondas da pressão intracraniana não invasiva em cães com trauma craniano
Data
2023-07-10
Autores
Weizenmann, Thyara Caroline
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Resumo
O traumatismo craniano em cães é uma condição clínica grave que pode resultar em lesões secundárias, aumento da pressão intracraniana (PIC), sequelas neurológicas e até mesmo óbito. Há controvérsias quanto ao diagnóstico e manejo da hipertensão intracraniana (HIC) na espécie, pois a monitoração invasiva da pressão intracraniana não é um procedimento realizado rotineiramente na medicina veterinária. Recentemente, foi desenvolvido um monitor não invasivo das ondas da PIC (PIC-Ni) para uso em seres humanos, cuja técnica baseia-se no uso de um sensor de deformação óssea colocado sobre a pele do crânio do paciente. O resultado é apresentado em forma de ondas não invasivas da PIC. As principais ondas são a P1 e a P2, sendo que em condições normais, P1 é maior que P2 e a razão P2/P1 é menor que 0,8. Assim, os objetivos do presente estudo foram utilizar o monitor da PIC-Ni em cães com TCE para verificar sua eficácia na detecção de alterações no traçado das ondas de PIC compatíveis com HIC, se ocorria normalização do traçado após o tratamento e verificar se as alterações clínicas e do traçado das ondas indicativas de HIC se correlacionavam com o desfecho clínico. Além disso, devido às dificuldades relativas ao uso do monitor na espécie, no segundo artigo será descrita a metodologia utilizada com mais detalhes. Foram avaliados parâmetros físicos como a Escala de Coma de Glasgow Modificada (ECGM); frequência cardíaca (FC); frequência respiratória (FR); pressão arterial (PA); temperatura (ToC); e laboratoriais como glicemia em amostras de soro sanguíneo; lactato, bem como o tempo até a alta, óbito ou eutanásia, além das ondas da PIC e a razão P2/P1 antes e após o tratamento. Foram avaliados 11 cães com idade média de 5,6 anos (3 meses a 13 anos), peso médio de 9,53 kg (2,4 a 23 kg), sendo 54,54% (6) machos. O tempo decorrido entre o trauma e o atendimento clínico variou de 1 hora a 5 dias (mediana = 5,2 horas) e o atropelamento foi a causa mais comum (81,82%) de TCE. Oito cães receberam alta entre 1 e 14 dias após o atendimento, dois cães foram submetidos à eutanásia e um cão veio a óbito. A ECGM no atendimento inicial variou de oito a 18 (mediana = 13) e após o tratamento variou de seis a 18 (mediana = 17). Em seis casos com relação P2/P1 > 1,25 no período pós-tratamento e ECGM < 8, houve correlação diretamente relacionada a desfecho clínico desfavorável (r = -0,816). Entretanto, em três cães com ECGM > 15 constatou-se P2>P1, com normalização desta relação logo após o uso de agentes hiperosmolares. Embora tenha havido correlação moderada da ECGM com a P2/P1, ainda assim foi observado uma ECGM favorável com P2/P1 alterada em alguns casos. O uso do monitor de PIC-Ni em cães com traumatismo craniano foi promissor na avaliação das alterações nas ondas de pressão intracraniana e auxílio na decisão terapêutica, inclusive o uso de agentes hiperosmolares nos cães do presente estudo, mas é importante reconhecer que a eficácia definitiva ainda não pode ser totalmente afirmada pois há influência de vários fatores sistêmicos nos resultados clínicos.
Descrição
Palavras-chave
Traumatismo, Crânio, Hipertensão intracraniana, Hipotensão intracraniana, Monitoração