Religiosidade contemporânea: aproximações entre o neopentecostalismo e o neoliberalismo
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Data
2013-09-05
Autores
Morais, Edson Elias de
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Resumo
A pesquisa teve como foco a análise da relação entre religião e sociedade na contemporaneidade, procurando perceber o grau de influência entre a religiosidade neopentecostal com o neoliberalismo. Procuramos perceber qual a influência que as igrejas que assimilaram a religiosidade neopentecostal estabelecem com a sociedade brasileira por meio dos ensinamentos religiosos e das práticas dos fiéis no cotidiano. Sociedade que é marcada pela desigualdade econômica, política e social, mas que está imbuída pela ideologia do capitalismo neoliberal que prega riqueza, consumo de bens materiais, individualismo e competição. Nosso objeto de investigação é a religiosidade neopentecostal, que nasceu no Brasil em fins de 1970, se consolidou na década de 1990 e se propagou em outros segmentos evangélicos na primeira década do século XXI. Assim, o universo da pesquisa foram quatro segmentos evangélicos distintos a priori, localizados em Londrina-PR, dos quais selecionamos a Igreja Assembleia de Deus, a Igreja Nova Aliança, a Igreja Presbiteriana do Brasil e a Igreja Universal do Reino de Deus, com o objetivo de comparar e interpretar os discursos e perceber em que medida a religiosidade neopentecostal tem sido assimilada por outros segmentos evangélicos, e como isso tem reverberado nas práticas políticas e sociais destas igrejas. Para esta investigação fundamentamo-nos na perspectiva do materialismo histórico que considera a estrutura social um reflexo da organização dos homens na produção das condições materiais de vida, sendo que esta perspectiva tem por princípio explicativo a contradição. Mas ao mesmo tempo não desconsideramos as questões subjetivas envolvidas na religião e na religiosidade neopentecostal, e para isso nos sustentamos em conceitos da sociologia compreensiva weberiana. A construção teórica foi sedimentada a partir das contribuições de Antônio Gouvêa Mendonça, Ricardo Mariano, Paul Freston e José Bittencourt Filho e dos clássicos da sociologia da religião como Otto Maduro e Peter Berger. Como método de pesquisa utilizamos a técnica da entrevista semiestruturada com dois líderes das referidas denominações, observação participante nos cultos e análise de discurso dos sermões e das orações. Verificou-se que os outros segmentos evangélicos assimilaram, em proporções diferentes, a religiosidade neopentecostal, pois ela se apresenta maleável e intercambiável com as religiosidades já estabelecidas. E, devido às suas características contemplativa e individualista, estimula os fiéis a uma vivência distante de uma prática política combativa contra as desigualdades sociais próprias do sistema capitalista e do engajamento na transformação da realidade social; assim, a religiosidade neopentecostal mantém relações de interdependência com a ideologia neoliberal que sustenta um mercado de bens religiosos lucrativo.
Descrição
Palavras-chave
Sociologia da religião, Religiosidade neopentecostal, Neoliberalismo, Evangélicos, Mercado religioso