Estudo comparativo dos aspectos funcionais entre pacientes com fibrose pulmonar idiopática, esclerose sistêmica e seus controles
Data
2022-10-17
Autores
Paula, Luiz Eduardo de
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Resumo
Introdução: A esclerose sistêmica (ES) é uma doença do tecido conjuntivo caracterizada por fibrose da pele e órgãos internos, isquemia por obliteração vascular e autoimunidade. Além do quadro típico de envolvimento cutâneo, pode apresentar envolvimento de órgãos internos, com destaque para o acometimento pulmonar, que é motivo de maior morbimortalidade nessa população. O comprometimento pulmonar observado nesses pacientes se assemelha muito com o de indivíduos com outras doenças pulmonares intersticiais (DPIs), especialmente com Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI). Apesar de algum grau de sobreposição em suas características clínicas e patogênese, a DPI associada à ES e a FPI possuem diferenças importantes, com implicações significativas para diagnóstico, avaliação e manejo clínico. Objetivos: Comparar variáveis de capacidade funcional em indivíduos com ES, FPI e uma amostra de indivíduos saudáveis. Metodologia: Neste estudo transversal, todos os participantes foram submetidos a avaliações de função pulmonar (pletismografia corporal), capacidade de exercício através do teste de caminhada de 6 minutos (TC6m), força muscular periférica através da contração isométrica voluntária máxima do quadríceps femoral (CIVM), teste de sentar e levantar (TSL, 5 repetições e de 1 minuto), atividade física de vida diária (monitor Actigraph wGT3X-BT®), avaliação da qualidade de vida (questionário SF-36), questionário do hospital Saint George na doença respiratória (SGRQ) e escala hospitalar de ansiedade e depressão (HADS). Resultados: Ao todo, 78 indivíduos (26 FPI, 64±9 anos, 27,9±4,7 Kg/m2, CVF 68±18%; 17 ES, 54±10 anos, 26,4±6 Kg/m2, CVF 74±22%; 35 saudáveis, 60±9 anos, 27,6±4,8Kg/m2, CVF 97±11%) foram estudados. Pacientes com FPI e ES demonstraram desempenhos inferiores de funcionalidade no TC6m (436±100 vs 455±98 vs 569±67, respectivamente, p<0,05) e no TSL de 1 minuto (23[20-27] vs 23[20-28] vs 28[25-38], p<0,05) quando comparados com indivíduos saudáveis. Pacientes com FPI e ES apresentaram menor número médio de passos por dia (4404 [2959-5968 vs 5533 [3730-6670] vs 6932 [5387-9939], p<0,05), tempo em pé em minutos por dia (267±86 vs 307±83 vs 374±78, p<0,05) e atividade física moderada a intensa (7 [3-10] vs 8 [2-11] vs 21 [12-36], p<0.05), quando comparados aos indivíduos saudáveis, porém sem apresentar diferenças significantes entre os grupos com doença pulmonar. Da mesma maneira, a força de quadríceps foi menor nos grupos FPI e ES (300 [250-442] vs 243 [226-323] vs 401 [347-516] N, p<0,05). No grupo FPI foi encontrada correlação positiva moderada do TC6m com força do quadríceps (r=0,59 p=0,001), tendência a moderada correlação positiva com TSL de 1 minuto (r=0,52 p=0,057) e fraca correlação positiva (r=0,47 p=0,01) com atividade física moderada a intensa. Nos pacientes com ES, o TC6m se correlacionou fortemente com o número de passos (r=0,77 p<0,001) e de maneira moderada com as variáveis tempo em atividade leve (r=0,67 p=0,004), tempo em atividade moderada a intensa (r=0,61 p=0,01) e tempo em pé (r=0,51 p=0,04). Conclusão: O presente estudo mostrou que os pacientes com ES e FPI apresentaram redução da capacidade funcional, menores níveis de AFVD e menor força da musculatura de quadríceps quando comparados à indivíduos saudáveis. A moderada correlação do TC6m com TSL de 1 minuto e força de quadríceps na população com FPI sugere que neste grupo a força dos membros inferiores podem ter influência importante no desempenho funcional.
Descrição
Palavras-chave
Doença pulmonar intersticial, Esclerose sistêmica, Testes funcionais, Capacidade de exercício, Atividade física na vida diária