Prevalência, fatores associados e instrumentos de avaliação da disfunção do trato urinário em meninas de 5 a 17 anos: uma revisão sistemática com metanálise

Data

2022-10-21

Autores

Cruz, Cassiana Azevedo

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Resumo

Introdução: A disfunção do trato urinário inferior (DTUI) é definida como distúrbios do ciclo da micção em crianças acima de 5 anos, neurologicamente saudáveis e sem alterações obstrutivas. Predominante na população feminina e atinge cerca de 2% a 25% das crianças. De acordo com a Sociedade Internacional de Continência Infantil (ICCS em inglês), a classificação se divide em sintomas disfuncionais de armazenamento e esvaziamento da bexiga e outros sintomas relacionados. Dessa forma, ferramentas de avaliação válidas e detalhadas devem ser utilizadas, uma vez que há grande variabilidade na prevalência desses sintomas, assim como no emprego das terminologias, classificações, sobreposição dos sintomas e subnotificação dos casos, comprometendo o reconhecimento das reais causas da DTUI na população em geral. Objetivos: Definir a prevalência das DTUI em meninas de 5 a 17 anos, conhecer os fatores associados e a implicação clínica desses sintomas, além de identificar na literatura as ferramentas e instrumentos de avaliação utilizados na mensuração das disfunções miccionais. Métodos: Uma busca sistemática em 7 bases de dados: PubMed/Medline, Cinahl, Embase, Lilacs, Scielo, Scopus e Web of Science foi realizada em julho de 2020. Seguindo recomendações internacionais, foram realizadas buscas com termos e palavras-chaves MeSH do Pubmed em inglês como “child”, “lower urinary tract dysfunction”, “girls” e “epidemiology”. Foram incluídos estudos na população feminina de 5 a 17 anos, que apresentaram desfechos de prevalência, associação ou fatores de risco para os diferentes DTUI de causa funcional, no idioma inglês, português ou espanhol. E, excluídos estudos com dados insuficientes, indisponíveis ou não discriminados de acordo com o gênero e a idade, realizados por dois revisores independentes que também analisaram a qualidade das evidências (com o National Institutes of Health - NIH Quality Assessment Tool), e qualquer divergência foi resolvida por um terceiro avaliador. O protocolo do estudo foi registrado na plataforma PROSPERO (CRD42020187076). As análises quantitativas foram realizadas utilizando o software JAMOVI 2.3. Resultados: Dos 14.901 estudos, 26 foram incluídos com uma amostra de 49.562 meninas, e boa qualidade da evidência em 50% dos estudos. A prevalência feminina mundial da DTUI é de 14% (IC95% 12-15) nessa população. Até os 12 anos, dentre os sintomas de armazenamento, a enurese (EN) e a incontinência urinária (IU) atingem igualmente 8% das crianças, e na adolescência cerca de 2% e 6% respectivamente. E, as manobras de retenção atingem 28% de meninas e adolescentes. A EN esteve mais presente em meninas com desordens psiquiátricas e problemas de sono na infância. A disfunção do armazenamento miccional se relacionou à condições de saúde como obesidade, infecção do trato urinário (ITU), distúrbios psiquiátricos e problemas de sono, à fatores do ambiente escolar como bullying e o ambiente dos banheiros, ou biológicos como a gravidez na adolescência. Os instrumentos de avaliação dos hábitos urinários são, em sua maioria, questionários demográficos não validados ou recomendados pela ICCS. Conclusão: A DTUI é prevalente em 14% das meninas na infância e adolescência em todo o mundo, estando o sintoma noturno em maior evidência nos distúrbios do sono, do comportamento ou da aprendizagem. Um ou mais sintomas disfuncionais de armazenamento estão relacionados à obesidade, ITU, distúrbios psiquiátricos ou do sono, ambiente dos banheiros escolares, bullying e a gravidez na adolescência. Os instrumentos de avaliação da DTUI, em geral, estão em desacordo com as recomendações internacionais.

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Palavras-chave

Sintomas do trato urinário inferior, Disfunção do trato urinário inferior, Feminino, Pediatria

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