Pelas veredas do /r/ retroflexo

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Silva, Hélen Cristina da

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Resumo

Resumo: No ano de 192, Amadeu Amaral, em sua obra pioneira no campo da Dialetologia no Brasil, O dialeto caipira, descreve essa variedade falada na antiga província de São Paulo até o final do século XIX, apresentando dentre suas características o uso do [?] retroflexo, ou, por derivação de sua origem e propagação pelo interior paulista, o /r/ caipira As mudanças sociais da época levaram o autor a afirmar que o dialeto caipira, acantoado em pequenas localidades que não acompanharam de perto o movimento geral do progresso (), acha-se condenado a desaparecer em prazo mais ou menos breve Entretanto, pesquisas sobre o tema (AGUILERA e SILVA, 214; SILVA 212; BRANDÃO, 27; CASTRO, 26) tendem a contrariar tal previsão, sobretudo no tocante à vitalidade do /r/ retroflexo, uma das marcas mais autênticas do dialeto caipira, demonstrando que esse rótico, fruto do contato do português lusitano com o tupi e disseminado pelas bandeiras paulistas, encontra-se vivo e em expansão no Português Brasileiro (PB) Diante do exposto, a presente pesquisa, pautada nos pressupostos teórico-metodológicos da Dialetologia Plurimensional (THUN, 1998), tem como objetivo central comprovar a hipótese da manutenção e da expansão do /r/ caipira, no PB, e mapeá-lo em posição de coda silábica, buscando fornecer subsídios para a delimitação de isófonas que possam contribuir para a demarcação das áreas dialetais brasileiras, no que tange à Região Sudeste do país, especificamente São Paulo, onde se localiza um dos maiores focos de irradiação da variante caipira Como objetivos específicos, almejamos verificar as influências linguísticas e extralinguísticas atuantes na realização do /r/ retroflexo Além disso, abordamos questões sócio-históricas da região estudada que possam evidenciar a presença do rótico em questão Para dar cumprimento aos objetivos, partimos da análise de dados, ainda inéditos, coletados pelo Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) em 8 localidades, incluindo as capitais e o interior, subdivididas da seguinte forma: 38 do estado de São Paulo; 23 de Minas Gerais; 14 do Rio de Janeiro e cinco do Espírito Santo, perfazendo o total de 336 informantes estratificados conforme os parâmetros estabelecidos pelo ALiB As questões selecionadas para o estudo, integrantes do Questionário Fonético-Fonológico (QFF) (Comitê Nacional, 21), apresentam, como possíveis respostas, palavras com o /r/ em coda silábica interna e externa A análise desse corpus, dentre outros resultados, revela que o /r/ caipira constitui a base rótica da fala do estado de São Paulo, estando presente, inclusive em mais de 3% dos dados referentes à capital No estado mineiro, ratificamos a ocorrência dessa variante, concentrada no Triângulo e no Sul de Minas, já detectada, em 1977, pelo Esboço de um Atlas Linguístico de Minas Gerais (RIBEIRO, et al) No Rio de Janeiro e no Espírito Santo sua ocorrência é tímida e encontra-se distribuída de forma esparsa No que concerne às variáveis extralinguísticas, constatamos, no conjunto dos dados, que são os homens, sobretudo, os jovens os que mais utilizam o [?] Tais resultados nos levam a afirmar que a previsão de Amaral (192) não se cumpriu, pois essa variante, uma das marcas mais representativas do dialeto caipira, apresenta-se com muita vitalidade, mesmo passado quase um século da publicação de sua obra

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Palavras-chave

Língua portuguesa, Dialetos, Brasil, Sudeste, Dialeto caipira, Brasil, Sudeste, Dialects, Brazil, Sudeste, Portuguese language

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