Os "escolhidos e os escorraçados", os povos tradicionais e a formação sócio-espacial de Santa Catarina : rompimentos das invisibilidades de caboclos e caboclas do Contestado na serra acima, pescadores e pescadoras do litoral na serra abaixo

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Resumo: Nesta tese, entendemos que para se compreender a gênese e a atual materialidade e a imaterialidade de um determinado espaço geográfico é preciso buscar na sua origem (raiz) os fatos e processos decorrentes dos movimentos da sociedade que resultaram nesse presente analisado E, neste caso, como os contraditórios movimentos políticos, econômicos e sociais ocorridos na formação sócio-espacial de Santa Catarina teriam resultado na desterritorialização de suas populações tradicionais e, consequentemente em sua invisibilização, tanto ao longo de sua construção histórica quanto na contemporaneidade Durante o processo histórico da formação sócio-espacial do estado de Santa Catarina, a busca pelo desenvolvimento econômico foi pautada pela opção aos interesses das elites em detrimento de seu povo, da base que lhe deu alicerce Isso é um “norte” do sistema capitalista, que aos poucos foi se engendrando pelo Estado, assim como pelo mundo, e criando desigualdades já no cerne de suas formações Desse modo, algumas questões nos vêm à mente, como por exemplo: no que as opções e decisões feitas pelo estado em sua busca pelo desenvolvimento resultou de fato em suas regiões e em sua população? O quê e quem se desenvolveu ou se des-envolveu? Existe, de fato, uma “identidade catarinense”? Como criar uma identidade única em um Estado que surge a partir da invasão e espoliação de terras dos seus povos originários? Um Estado que surge sobre o sangue derramado de milhares de pessoas e que, não satisfeito, apoia ainda uma guerra contra seus descendentes, a Guerra do Contestado, e a vinda de imigrantes europeus afim de, dentre outros objetivos, branquear sua população Uns escolhidos e outros escorraçados Contemporaneamente, o discurso sobre a identidade catarinense ainda passa uma falsa noção de unidade, de isonomia, tanto em suas características econômicas, quanto sociais e populacionais Por isso a necessidade de desconstruí-lo, haja visto que tanto em nossa pesquisa de mestrado quanto de doutorado temos percebido que isso não condiz com a realidade Essa falsa noção de homogeneidade também perpassa as características populacionais, onde o próprio Estado difundiu um discurso atrelado às políticas de branqueamento empregadas em alguns períodos da história nacional e estadual Tal discurso ainda é percebido especialmente através da mídia e das campanhas submetidas ao turismo Elas tentam vender uma imagem vinculada ao “padrão europeu” tanto dos lugares e das paisagens quanto da população, assim como da difusão do discurso de eficiência “desse” povo ao labor, do “povo ordeiro” que trouxe o desenvolvimento a Santa Catarina Discurso este que somado ao encobrimento dos fatos históricos que destituíram os povos tradicionais de seus territórios fez com que os mesmos fossem marginalizados/invisibilizados pela história oficial, e assim, também foi negada a sua importância dentro dos processos históricos e da formação sócio-espacial de Santa Catarina Diante de tais aspectos é que optamos por trabalhar metodologicamente com a categoria da formação sócio-espacial pautada especialmente em Milton Santos (1977, 1982) a fim de descortinar os processos de desterritorialização e invisibilização de duas comunidades tradicionais catarinenses: uma na vertente litorânea, os pescadores (as) artesanais em Penha e, a outra, na vertente do interior, os caboclos (as) do Contestado, em Lebon Régis Esta escolha se deve ao fato de acreditarmos que os territórios tradicionais e sua posterior desterritorialização são elementos inerentes a formação sócio-espacial catarinense e foram diretamente atingidos pelos processos decorrentes dessa formação

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Palavras-chave

Geografia, Caboclos, Pescadores, Espaço em geografia, Pesca artesanal, Geography, Caboclos (Brazilian people), Fishers, Small-scale fisheries

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