O silenciamento e invisibilização de corpos negros pela materialização da branquitude: a atuação de redes de práticas discursivas no ensino superior

Data

2022-11-30

Autores

Flor, Caroline Nayara Marilac

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Resumo

Esta pesquisa tem como propósito compreender como a branquitude atua no silenciamento e invisibilização de pessoas negras no ensino superior. O protagonismo e proteção do sujeito branco é legitimado pelo que se pode nomear por branquitude. A branquitude opera envolto ao psíquico e práticas discursivas materializadas em prol de uma superioridade racial e da continuidade a uma supremacia branca que se atrela á posições de privilégios e violência. Envolto a isso, em um país que se constrói pela racialização colocando corpos negros em posições de subalternidade e violência, é operante por dispositivos de poder que tende a silenciar e invisibilizar o sujeito negro. O contexto universitário brasileiro é um dos espaços que podem ser considerados como espaços de relações de poder que privilegiam os brancos. Como afirmam Bujato e Souza (2020), na universidade o negro é reconhecido como “corpos deslocados”, pois, como mecanismo de racialização, as pessoas são subjugadas pelo “maquinário de brancura” em que o processo de racialização é normalizado e ecoa como um sistema social que dá permissividade ao racismo (Martinot, 2010). O sujeito, que se constitui como negro pelo olhar do branco, quando está neste espaço de poder, utiliza duas máscaras: primeiro, ele sente o silenciamento que lhe é imposto, pelo que Kilomba (2019) chama de “máscara de silenciamento”; e pela “máscara branca”, que Fanon (2014) aponta como uma alienação negra a ser aceita onde a norma imposta é branca. Dentro desta perspectiva, a pesquisa se apoia na epistemologia pós-estruturalista aos estudos organizacionais como forma de desconstruir discursos materializados em silenciar e invisibilizar sujeita/o negra/o. A coleta se deu por meio de entrevistas e conversas com 8 sujeitas/os que se identificam como brancas e brancos e que pertencem ao ensino superior. A análise da pesquisa se deu pela Análise do Discurso Francesa com aporte analítico foucaultiano como forma de compreender como os discursos operam sobre corpos negros, consequentemente os sujeitos brancos como os sujeitos negros são atravessados e constituídos pelas relações de poder. Mas para a branquitude cabe trabalhar certa dominação e manutenção de privilégios. É bastante evidente que esse ato de inscrição por normas, regras e condutas de comportamento é sancionado em discursos incorporados e, assim, o silenciamento dos negros é exercido diante de falas e práticas discursivas em uma estrutura que promove uma educação formal brasileira que atende o sistema racista. Portanto, silenciar vai além de não falar.

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Palavras-chave

Branquitude, Silenciamento, Invisibilização, Discurso, Racismo, Racismo na educação

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