Variação linguística e literatura: abordagem sociolinguística de três romances de Rachel de Queiroz

Data

2023-08-30

Autores

Rodrigues, João Carlos Domingues dos Santos

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Resumo

Toda ação linguística, enquanto “uma forma de comportamento social” (LABOV, 2008, p.215), manifesta-se por uma rica diversidade de gêneros discursivos, e dentre eles, o romance ocupa uma posição de destaque não apenas por recriar a realidade, mas por carregar o potencial de diálogo com outros gêneros, quer no âmbito da oralidade quer no âmbito da escrita (BAKHTIN, 1997). Na história do Português Brasileiro vários foram os autores, linguistas e literatos, que buscaram a consolidação e valorização de uma língua com feições verdadeiramente nacionais, capaz de representar nossa própria heterogeneidade cultural e geográfica, e neste percurso os modernistas, em especial os da segunda geração, por meio de seus romances, promoveram um movimento de valorização da ‘cor local’. Tendo estes dados como premissas, nasceu-nos uma inquietação acerca de como seria possível e viável um estudo da Língua Portuguesa do Brasil em obras literárias modernistas, tendo a Variedade Regional Nordestina como objeto de análise. Nossa hipótese foi a de que não apenas seria possível como também viável, uma vez que constatamos outros trabalhos que procuraram aproximar Linguística e Literatura, todavia, com uma perspectiva restrita ao léxico; nosso diferencial, assegurando essa possibilidade e viabilidade do estudo, está no emprego de pressupostos da Sociolinguística e na utilização dos continua de Bortoni-Ricardo e do continuum de Marcuschi, como instrumentos de análise, olhando sempre para a produção ficcional daquela que é considerada uma das maiores modernistas, a primeira mulher da Academia Brasileira de Letras, a cearense Rachel de Queiroz, especificamente para o modo como ela valeu-se da Variedade Regional do Nordeste na confecção das obras: O Quinze, As Três Marias e Memorial Maria Moura. Esta nossa tese doutoral, buscou, assim, evidenciar os pontos de contato e a viabilidade deste estudo, através da análise linguística em quatro capítulos, demonstrando a forma como Rachel de Queiroz empreende “uma linguagem coloquial, sem enfeites. [...]. Forj[ando] uma linguagem que tira de seu pedestal o velho narrador dos romances de seca” (BUENO, 2006, p.112.155). Nossa expectativa é de que os resultados por nós obtidos não se restrinjam a este trabalho, mas que possam, evidenciada sua viabilidade, oferecer um contributo capaz de mostrar a aproximação fecunda entre Sociolinguística e Literatura, e motivar a sua adoção como expediente útil para a abordagem variacionista da Língua Portuguesa, superando preconceitos e estereótipos que ainda encontramos entre os falantes de nossa língua.

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Palavras-chave

Variedade Regional, Sociolinguística, Literatura, Rachel de Queiroz

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