Questionando o falante nativo de inglês : representações e identidades de estudantes em um instituto federal de educação

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Souza, Jefferson Adriano de

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Resumo

Resumo: Apesar de a maior parte das interações em língua inglesa na contemporaneidade não envolver a presença física do falante nativo, ainda é predominante a representação que assume sua superioridade para decidir o limite entre o correto e o incorreto (SEIDLHOFER, 211) Nas salas de aula esse mito (PAIKEDAY, 23) se faz presente por meio de artefatos que reforçam sua autoridade e constrangem identidades de usuários legítimos da língua Nesta pesquisa, busco compreender que identidades estão em construção nas Representações Sociais (RS) de um grupo de estudantes sobre a língua inglesa, seus usos e usuários Parto do pressuposto de que todo processo de ensino-aprendizagem de língua inglesa constitui identidades e defendo que a construção de identidades mais inclusivas, de estudantes capazes de se reconhecerem como usuários de inglês, pode se beneficiar de postura crítica e do questionamento do falante nativo como ideal de comunicação Nesta pesquisa, situada no campo da Linguística Aplicada, objetivo compreender quais RS sobre a língua inglesa, seus usos e usuários atuam na construção de identidades de estudantes do primeiro ano do Ensino Médio Integrado a cursos Técnicos, de um campus do Instituto Federal do Paraná, lugar de minha atuação como professor Orientam a busca dessa compreensão a Teoria das RS, de Moscovici (1978; 23), visão Pós-Moderna de identidade, de Norton (2), Bauman (25), Silva (212) e estudos que questionam o falante nativo de inglês como ideal de comunicação, de Jenkins (29) e Seidlhofer (211) Como professor, busquei, além de ensinar a norma padrão, estimular postura crítica sobre a língua inglesa e o reconhecimento de sujeitos como estudantes e/ou usuários dessa língua, por meio de práticas reflexivas que questionavam que para se comunicar em inglês é preciso imitar o falante nativo Além dessas sessões, utilizei questionário de sondagem, narrativas de aprendizagem, grupo focal e entrevistas para observar as RS e identidades desses estudantes Nos dados coletados entre 212 e 213, analiso, de forma interpretativa, quais as RS desses estudantes sobre suas experiências passadas e presentes com essa língua, seus usos e usuários; de que forma se autorrepresentam ao usarem essa língua e que movimentos são observáveis nessas RS As RS da língua inglesa mais frequentes estão ancoradas no contato com músicas e vídeos, projetada em comunidades reais e imaginadas, capazes de cantar e entender essa língua Isso sugere que as práticas de sala de aula podem contribuir para ancorar a língua em situações concretas para além da escola, com maior potencial para gerar investimentos na aprendizagem Por outro lado, a ancoragem vinculada ao trabalho, apesar de frequente nesse grupo, em apenas um caso parece promover investimentos na língua Estudantes que ancoram a língua inglesa apenas na escola, objetivando-a como disciplina, nota, aprovação ou reprovação, pouco útil em seus projetos, tendem a se posicionar como alunos e investir pouco; os que ancoram o inglês na e para além da escola (comunicação, contatos com música, vídeos, trabalho, viagem) tendem a se posicionar como estudantes ou usuários e investirem mais, por vezes, conectando-se a comunidades reais (estudantes que cantam e entendem inglês) e imaginadas (intercâmbio; grupo de trabalho bilíngue; assistência humanitária, etc) Com relação às RS sobre usos e usuários as análises indicam que: 1) esses estudantes não querem se expor, identificar-se ou serem identificados por meio de usos da língua inglesa, ancorados em usuários pouco proficientes; 2) quanto mais distante é o inglês (deles ou de outros falantes), em relação ao nativo, maior a hostilidade; 3) o foco é ser natural como em português, falar sem medo, com segurança, confiança; 4) não precisa ser “perfeito”, como o nativo, mas semelhante, a fim de evitar críticas, como o uso de inglês, ancorado em usuários bilíngues proficientes; 5) a comunidade real de sala de aula influencia a participação, investimentos e opções de identidades, sobretudo, quando o falante nativo aparece ancorado em colegas mais proficientes; 6) as comunidades imaginadas (cantores, bandas internacionais; sujeitos capazes de interagir com músicas e vídeos, de se comunicar em inglês em contextos de trabalho ou viagens) instigam contatos, participação e investimentos na língua inglesa, quando ancoradas em músicas No movimento das RS, esses estudantes passaram a se autorrepresentar como capazes de aprender (alunos e estudantes) e, alguns, capazes de usar essa língua para além da escola (estudantes e/ou usuários) Após a pesquisa, eles representaram o inglês de forma mais inclusiva, como uma língua global, pluricêntrica, isto é, reconhecendo que existem variedades Eles parecem propensos a respeitar diferenças, questionar a perfeição e necessidade de se imitar o falante nativo, produzindo espaços onde eles podem aprender e usar inglês como outros usuários dessa língua franca global

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Palavras-chave

Representações sociais, Estudantes do ensino médio, Identidade, English language, Study and teaching

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