Helmintos de trato digestório de juvenis de Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) (testudines, cheloniidae) no litoral do Paraná, Brasil
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Meira Filho, Mário Roberto Castro
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Resumo
Resumo: A tartaruga-verde, Chelonia mydas (Linnaeus, 1758), ocorre nos mares de águas tropicais e subtropicais, geralmente próximo às costas continentais e ilhas Embora amplamente distribuída, é considerada uma espécie em perigo de extinção Nos primeiros anos de vida, em que se encontram no ambiente oceânico, são onívoras com preferência para a carnivoria e, da fase juvenil à adulta, quando passam a habitar a zona nerítica, tornam-se primariamente herbívoras O Brasil possui áreas de reprodução e de alimentação para C mydas, sendo o litoral do estado do Paraná importante área de forrageamento, onde predominam as juvenis Tendo em vista que os endohelmintos são transmitidos por via trófica, o estudo desses organismos pode fornecer informações sobre a ecologia dos hospedeiros No entanto, pouco se conhece sobre os parasitos de C mydas no litoral brasileiro Dessa forma, no presente trabalho é apresentada uma revisão bibliográfica sobre as espécies de parasitos com registro de ocorrência nas tartarugas-verde que frequentam o litoral do Brasil Constatou-se os registros, até o momento, de 19 espécies de trematódeos digenéticos, distribuídas em sete famílias, e quatro espécies de nematóides, de duas famílias Apresenta-se, também, os resultados do primeiro estudo sobre comunidade componente de helmintos do trato digestório de tartarugas-verde realizado no Brasil As tartarugas foram coletas no litoral do Paraná, entre março de 28 e julho de 212 De cada tartaruga foi obtido o comprimento curvilíneo da carapaça (CCC) em centímetros, cujos valores foram comparados entre as tartarugas parasitadas e as não parasitadas, não sendo constatada diferença significativa Foi analisado o trato digestório de 58 espécimes de C mydas Destes, sete indivíduos se encontravam mais íntegros, e tiveram também olhos, glândulas de sal, boca, traquéia, pulmões, coração, fígado, rins, pâncreas, baço, mesentério, musculatura, bexiga urinária e cloaca, examinados para verificação da ocorrência de endohelmintos Nenhum desses órgãos estava infectado Cada parte do trato digestório foi analisada em peneiras com malhas de, no máximo, 1, mm entre nós adjacentes Os parasitos encontrados foram coletados, contados por sítio de infecção e processados rotineiramente para microscopia de luz comum As identificações foram realizadas até o menor nível taxonômico possível, utilizando literatura específica e comparação com espécimes depositados na Coleção Helmintológica do Instituto Oswaldo Cruz (CHIOC) Para cada espécie parasita, foram calculados os índices parasitários populacionais de Prevalência, Intensidade Média de Infecção e Abundância Média com os respectivos desvios padrão Foram obtidas dez espécies de Digenea, das quais uma de Hemiuroidea não foi identificada, e uma de Nematoda Pronocephalidae compreendeu a família com maior número de espécies, e Cricocephalus albus a espécie com maior prevalência e abundância O estômago foi registrado pela primeira vez como sítio de infecção das espécies Pleurogonius longiusculus e Pronocephalus obliquus Schizamphistomum scleroporum, encontrada no intestino de três tartarugas, é registrada pela primeira vez como parasita de C mydas no Brasil Todos os digenéticos eram adultos e a maioria continha ovos embrionados no útero Foram avaliadas a composição e a estrutura das comunidades componentes de endohelmintos do trato digestório das tartarugas-verde Para tanto, foram listadas as espécies e calculadas a riqueza e a abundância, o índice de diversidade de Brillouin e o índice de dominância de Berger-Parker Os valores foram utilizados para comparação da estrutura das comunidades dos parasitos entre as tartarugas classificadas como juvenis e juvenis tardias, e pelo ano de coleta Para avaliação do padrão de distribuição de abundâncias das espécies de parasitos das comunidades componentes do trato digestório das tartarugas-verde coletadas no litoral paranaense, foi utilizado o gráfico de Whittaker A comunidade componente foi composta por dez espécies, uma vez que a infecção pelo hemiuróideo foi considerada acidental A estrutura da comunidade componente do trato digestório das tartarugas juvenis diferiu da das juvenis tardias, que apresentou maiores valores de diversidade e de abundância Entretanto, a composição das duas comunidades foi similar Os maiores valores de riqueza e abundância foram encontrados na comunidade componente dos espécimes coletados nos anos em que o maior número de indivíduos foi analisado Tanto a composição quanto a estrutura da comunidade componente dos helmintos parasitos, bem como, a espécie dominante, variaram entre os anos As variações constatadas estão relacionadas às alterações ontogenéticas da dieta, mas, também, podem dever-se aos diferentes locais de origem das tartarugas estudadas e às distintas rotas migratórias adotadas por elas Os resultados obtidos nesse trabalho são apresentados no artigo “Comunidade componente de parasitos do trato digestório de juvenis e juvenis tardios de Chelonia mydas encontrados no litoral do Paraná, Sul do Brasil”, formatado de acordo com as normas da revista Journal of Parasitology
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Palavras-chave
Tartaruga marinha, Parasito, Helminto, Parasitismo, Parasitologia veterinária, Marine turtles, Parasites, Helminths, Parasitism