Atraso na colheita em cultivares de trigo: produtividade e qualidade de semente.
Data
2024-08-28
Autores
Ventorim, Marinara Ferneda
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Resumo
As épocas de semeadura e colheita na cultura do trigo impactam a produtividade e qualidade de sementes. Quando há atraso na colheita, as sementes ficam sujeitas à deterioração no campo e à germinação na espiga, especialmente sob condições desfavoráveis de umidade. O nível de danos varia de acordo com as condições climáticas e a suscetibilidade dos cultivares. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar, em três cultivares de trigo, o efeito de duas épocas de semeadura e cinco períodos de atraso na colheita sobre a produtividade, a qualidade física e fisiológica das sementes, e a atividade enzimática das plântulas. As cultivares BRS 220, BRS Sanhaço e BRS Gralha azul foram semeadas em duas épocas distintas, com colheita realizada em cinco períodos diferentes, correspondendo a 0, 7, 14, 21 e 28 dias após a maturação de colheita, caracterizando atraso na colheita. Os experimentos foram conduzidos em delineamento experimental de blocos casualizados, com quatro repetições, sendo cada época de semeadura realizada em parcelas subdivididas, com os cultivares alocados nas parcelas principais e os períodos de colheita nas subparcelas. Avaliaram-se a produtividade de sementes, o peso hectolitro, a massa de mil sementes e o teor de água. A qualidade fisiológica foi avaliada pelos testes de germinação, primeira contagem, envelhecimento acelerado e comprimento de plântulas. Nas plântulas normais analisaram-se o teor de proteínas total e a atividade das enzimas superóxido dismutase (SOD), ascorbato peroxidase (APX) e catalase (CAT). Os dados foram submetidos ao teste de normalidade e homocedasticidade. Cada época de semeadura foi avaliada de maneira independente. Realizou-se a análise de variância e teste F (p = 0,05), e quando constatado efeito significativo dos tratamentos, as médias de cultivares foram comparadas pelo teste de Tukey e os períodos de colheita pela análise de regressão. Foi realizada a análise de componentes principais entre as variáveis de viabilidade e vigor das sementes com as de atividade enzimática e teor de proteína. Todas as análises foram realizadas utilizando o Software R. As cultivares BRS 220, BRS Gralha-Azul e BRS Sanhaço apresentaram respostas distintas ao atraso na colheita, com impactos significativos na qualidade das sementes e na produtividade. A BRS 220 demonstrou maior susceptibilidade à deterioração e à germinação na espiga, resultando em perdas acentuadas no peso de mil sementes e maior redução na germinação e vigor, especialmente em condições de alta umidade. A produtividade também foi severamente afetada, com perdas de aproximadamente 271 kg ha-1 por semana de atraso na colheita. O peso hectolitro (PH) diminuiu progressivamente em ambas as épocas de semeadura, agravado por períodos de alta umidade. Além disso, o atraso na colheita prejudicou o comprimento da parte aérea e das raízes das plântulas, reduzindo o vigor e o estabelecimento. O aumento na atividade da CAT e da SOD foi uma resposta ao estresse oxidativo causado pelo atraso, evidenciando a importância dessas enzimas na defesa antioxidante. A cultivar BRS Sanhaço mostrou maior resiliência ao atraso que as demais, com menor impacto na germinação e vigor, destacando-se como uma opção mais adequada para situações nas quais o atraso na colheita é inevitável.
Descrição
Palavras-chave
Estresse abiótico, Germinação pré-colheita, Maturação, Potencial fisiológico, Triticum aestivum