Atividade anticâncer do flavonoide braquidina C em células tumorais de próstata DU145 cultivadas em modelo 2D e 3D

Resumo

O câncer é uma das principais causas de morte em todo o mundo e, juntamente com os desafios apresentados pela quimioresistência, tem despertado o interesse por fitoquímicos que apresentem propriedades quimioterápicas. Fridericia platyphylla (Cham.) L.G. Lohmann é uma espécie vegetal nativa do cerrado brasileiro cujo potencial anticâncer deve-se principalmente ao seu efeito antiproliferativo, anti-inflamatório e citotóxico, demonstrados em estudos anteriores. A braquidina C (BrC), flavonoide isolado a partir das raízes dessa espécie vegetal, foi avaliada nesse estudo quanto aos seus efeitos sobre a viabilidade, proliferação e migração de células de próstata DU145 cultivadas em modelos 2D e 3D in vitro. O efeito da BrC na viabilidade celular foi avaliado pelos ensaios de redução de resazurina e liberação de lactato desidrogenase (LDH) em cultura de células 2D (0,24-30,72 µM) e 3D (5-60 µM). Após 24 h de tratamento, a BrC reduziu a viabilidade das células DU145 em ambos os modelos com valores de IC50 iguais a 47,31 (2D) e 229,8 µM (3D). Em EMTs de próstata esse efeito mostrou-se tempo-dependente com valores de IC50 iguais a 229,8, 210,5, 116,1 e 65,02 µM após, respectivamente, 24, 48, 72 e 96 h de tratamento. Após 72 h de tratamento, observou-se a redução da viabilidade celular com a BrC nas concentrações de 30,72 µM (2D) e 60 µM (3D) no ensaio do LDH. No modelo bidimensional, a BrC não alterou a proliferação das células DU145. Na avaliação dos esferoides, após 11 dias de tratamento, a BrC (5 - 60 µM) interferiu no crescimento, morfologia, integridade e volume dos EMTs. A redução da viabilidade celular induzida pela BrC parece não estar relacionada à indução de espécies reativas, como demonstrado por meio da utilização da sonda CM-H2DCFDA. A BrC reduziu a migração e a invasão das células DU145 no modelo 2D (6,00 µM) e a migração celular no modelo 3D (5-60 µM). Os mecanismos pelos quais a BrC reduziu a viabilidade celular foram avaliados por meio da expressão de genes (RT-qPCR) e proteínas (western blotting). Na avaliação da expressão gênica após 48 h de tratamento, BrC (50 µM) regulou positivamente os genes CASP3 e TNF-a e negativamente o gene BIRC5, que codifica a proteína anti-apoptótica survivina. O gene Nkx3.1, um gene supressor tumoral relacionado com as vias de proliferação celular, foi regulado positivamente pela BrC (5 e 50 µM). Na avaliação da expressão proteica, BrC (60 µM) aumentou a expressão de CASP7 e BAX enquanto reduziu a expressão de TNF-a. A BrC (5-60 µM) interferiu nos processos migratórios das células DU145 em EMTs após 48 h de tratamento, diminuindo a área de migração em relação ao grupo controle. A redução na capacidade migratória parece estar relacionada com a modulação negativa dos genes MMP9, MMP11 e ITGAM e regulação positiva de CDH1. Os resultados obtidos no presente estudo demonstram que a BrC afeta a viabilidade, proliferação e migração de células DU145 em modelos 2D e 3D, contribuindo para a busca de alternativas terapêuticas contra o câncer de próstata metastático.

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Palavras-chave

Genética, Câncer de próstata (CaP), Fitoquímicos, Quimioterapia

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