Roteiros para leitura de argumentação na charge
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Figueiredo, Daniel de Oliveira
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Resumo
Resumo: A charge é um gênero textual, de linguagem híbrida, que coloca em relação direta – e mobiliza – tanto quem a produz quanto quem a interpreta, além de provocar atitudes inesperadas Esta tese parte do princípio de que as reações suscitadas por uma charge, numa faixa que vai desde a indiferença até um ato de violência verbal ou física contra o seu autor ou contra a publicação que a veicula, está em proporção direta com a capacidade argumentativa nela presente O caso do jornal Charlie Hebdo, na França, e as charges de Maomé, na Dinamarca, ilustram, pelos desdobramentos ocorridos, o pressuposto de que as charges constituem um recurso argumentativo de alto potencial persuasivo e crítico A tese aqui defendida é a de que, pela relevância sempre presente desde suas origens, os impactos de uma charge podem ser mais profundamente compreendidos à medida que se conheça uma estratégia de leitura capaz de fazer emergir as camadas de sentido presentes na cena por ela retratada O problema que dá origem à pesquisa é definido pela seguinte pergunta: Como os elementos constitutivos de uma charge podem gerar leituras aptas a alcançar a natureza argumentativa da mensagem veiculada? A questão leva a indagar sobre que roteiro pode promover o contato entre processo criativo e persuasão nessa modalidade O objetivo geral é elaborar e enunciar esse roteiro, de modo a contribuir para que o leitor de charges, enquanto ferramenta argumentativa de diversos cenários de comunicação, compreenda, com maior clareza, o tipo de humor utilizado, o conhecimento veiculado, os elementos de constituição da mensagem A metodologia é de caráter descritivo e tem base no conceito de argumentação, desde as primeiras concepções de retórica desenvolvidas por Aristóteles até as complexificações dos estudos mais atuais sobre o tema, tendo, dentre outros autores, os referenciais de Fiorin (215); Bakhtin (1979; 1997; 23) A semântica argumentativa e as abordagens de linguagem e interação recebem as formulações de Barbisan (213); Koch (1985; 2; 24); Koch, Bentes e Cavalcante (27) As definições e características da charge são provenientes de Miani (1999; 2; 25); Miani; Klein (27); Miani; Figueiredo (211); Flores (22); Romualdo (2) O roteiro produzido apresenta três eixos principais: eixo de base, compreendendo situacionalidade e contextualização; eixo de estruturação, com foco na dimensão textual, dimensão visual, relações intertextuais, estereótipos e caricaturas; eixo de argumentação, evidenciando as consequências políticas do humor e a formação de opinião Embora enunciado como sequência, os fatores em jogo e seus respectivos eixos não se apresentam, necessariamente, de modo linear, podendo ocorrer a inferência persuasiva em primeiro lugar, para, posteriormente, o leitor enriquecer a leitura com os demais eixos e respectivas camadas de sentido
Descrição
Palavras-chave
Semântica argumentativa, Charge, Humor, Leitura, Wit and humor, Reading