O acaso na obra de B. F. Skinner

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Reis, Christian Silva dos

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Resumo

Resumo: No modelo de seleção pelas consequências de B F Skinner, a variação, paralelamente à seleção, tornou-se um elemento integrante da explicação comportamental Sendo inter-relacionados (sem variação não há seleção), questões concernentes à origem da variação ganharam destaque No darwinismo, a variação foi atribuída ao acaso, e o comportamentalismo radical parece tê-lo acomodado em seu modelo Skinner pronunciou-se a respeito do acaso, e alguns possíveis usos do termo já foram examinados pela literatura especializada Contudo, esse exame não contemplou todas as décadas da produção skinneriana, de modo que outros possíveis usos do termo podem não ter sido explorados O objetivo desta pesquisa foi, então, delinear uma síntese interpretativa dos usos do termo acaso na obra de B F Skinner O estudo é de natureza conceitual, dividido em duas etapas Na primeira, foram mapeadas e categorizadas as menções de Skinner ao conceito em livros do autor publicados entre as décadas de 193 e 199 Os dados obtidos foram compilados em fichamentos de transcrição e apreciação filosófica Na segunda, foi realizada uma descrição quantitativa desses usos, e uma análise conceitual das acepções identificadas Os resultados da descrição quantitativa indicam que o termo acaso foi mencionado em todas as décadas da obra skinneriana, com significados diferentes, alguns sinalizando mudanças em seus compromissos filosóficos Na análise conceitual, os usos identificados foram organizados conforme contextos mais amplos: (1) estudos experimentais – acaso utilizado para descrever limitações epistemológicas na identificação das variáveis determinantes do comportamento; (2) a explicação do acaso pela ciência do comportamento – oscilação entre uma utilização do acaso explicado a partir de princípios e conceitos da ciência do comportamento (comportamento supersticioso, produto de abstração e esquemas VR) e uso como ignorância em relação às variáveis determinantes do comportamento; (3) investigação do comportamento verbal – novamente descrevendo limitações epistemológicas, mas já exibindo indícios de uma possível utilização selecionista; (4) teoria da evolução – acaso entendido como fonte de variações aleatórias, controle de estímulos pouco preciso do comportamento e terceira via de explicação comportamental (ao lado de genes e ambiente) Embora alguns usos estejam presentes em mais de um contexto, suas diferentes acepções indicam mudanças filosóficas subjacentes ao modelo explicativo skinneriano O acaso não é mais exclusivamente entendido como limitação epistemológica no estudo científico do comportamento, passando a participar da própria explicação do comportamento, sendo considerado uma das possíveis fontes de variação comportamental Essa mudança pode ser identificada quando o modelo selecionista passa a se consolidar na obra skinneriana O exame dos usos do termo acaso confere mais elementos para subscrever mudanças nos pressupostos filosóficos do modelo explicativo comportamentalista radical, que passam de compromissos epistemológicos com o determinismo para o selecionismo Ademais, pode-se investigar se os estudos analítico-comportamentais contemporâneos têm considerado o encaminhamento skinneriano darwinista do assunto – no qual o conceito de acaso parece ter um papel central – e as implicações daí decorrentes para o estudo do comportamento

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Palavras-chave

Behaviorismo (Psicologia), Acaso, Livre arbítrio e determinismo, Seleção natural, Behaviorism (Psychology), Chance, Free will and determinism, Natural selection

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